Ninho de Suceiras: Espetacularidades do corpo feminino na Suça do Tocantins
Suça. Mulheres na suça. Etnocenologia. Feminismo negro
O presente trabalho tem como objetivo o estudo da espetacularidade do corpo feminino na suça de Natividade-TO. Uma manifestação tradicional que engloba dança e música, tradição centenária que tem como matriz formadora a mistura de rituais oriundos de cosmologias e tradições africanas, indígenas e portuguesas inserida nas festas religiosas de diversas regiões brasileiras, que se reflete nos movimentos e gestos da dança e nos instrumentos musicais. Trata se de uma reflexão do ponto de vista etnocenológico com enfoque nas poéticas corporais femininas conduzidas por processos transculturais e tem como referência os estudos de Fernando Ortiz, Armindo Bião e Leda Maria Martins, interconectados as questões de racismo e gênero presentes nas pesquisas de Lélia Gonzalez, Djamila Ribeiro e Grada Kilomba. Tal proposta de interlocução mostra como a ausência de pesquisas que trazem a voz feminina tem inviabilizado o reconhecimento do lugar e o papel das mulheres na suça, ocultando assim o caminho de sua referência na história. Na tradição nagô, a ancestralidade feminina é representada por pássaros, assim destaco o corpo feminino na suça como arquivo vivo, mulheres-pássaros agindo na produção do seu ninho de tradições. Destarte, ecoar a voz das guardiãs da memória poderá apontar para novas formas de (re)conhecimento da mulher nas manifestações tradicionais rompendo com a invisibilidade do seu lugar no universo da cultura brasileira.