Ceilândia minha quebrada é maior que o mundo: análise, registro e prática pedagógica para a valorização da cultura local
Educação Patrimonial; Educação Estética; Ceilândia; Teatro do Oprimido;
A presente pesquisa tece reflexões sobre a valorização dos patrimônios culturais de Ceilândia-DF e a prática pedagógica que deu origem ao livro coletivo “Ceilândia minha quebrada é maior que o mundo” desenvolvido em parceria entre a Secretaria de Educação do DF e o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). Ancorada na pesquisa qualitativa de caráter etnográfico (MATTOS, 2011) e na pesquisa-ação crítica (FRANCO, 2005), a pesquisa parte das seguintes indagações: como a arte e a educação podem transformar ou ressignificar um território fomentando a relação de pertencimento? Quais metodologias podem ser significativas para este tipo de experiência? Como a relação “centro-periferia” afeta as produções artísticas? Como desenvolver práticas pedagógicas que possibilitem a produção de autonomia e o protagonismo estudantil? Contextualiza-se os caminhos do entendimento do que são os patrimônios culturais no Brasil na perspectiva de Fonseca (2000); os conceitos de identidade pela perspectiva de Hall (1997) e Castells (2008); cultura por Boal (1979), Rincón (2021) e Barbero (2015); territorialidade por Santos (1978), Saquet (2007) e Haesbaert (2004); e pertencimento por Lestingue (2004) e Cousin (2010). Investiga-se a cidade como território de experiências artísticas e como isso se conecta às relações de pertencimento por meio da memória e da construção da identidade a partir da gênese da construção de Brasília e da formação de Ceilândia. São apresentadas as contradições presentes no discurso hegemônico da história de Brasília à luz de Holston (2010), Paviani (2010) e Gouvêa (1995) explorando a abordagem midiática e artística em relação à cidade. Por fim, apresento o relato de experiência do processo de exploração das práticas pedagógicas realizadas para a construção coletiva do livro “Ceilândia minha quebrada é maior que o mundo” realizado no CEF 27 de Ceilândia, tendo como via de reflexão os inventários participativos em educação patrimonial, o Teatro do Oprimido de Augusto Boal e a experiência audiovisual. As concepções discorrem sobre questões culturais, imagéticas e sociais, arte educação, alfabetização estética, memória em âmbito escolar e valorização do patrimônio cultural local.