Conhecimento, Atitudes e Práticas em Relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis de Estudantes Universitários do Distrito Federal
Palavras-chave: Infecções Sexualmente Transmissíveis. Comportamento Sexual. Educação Superior. Aplicativos Móveis. Estudantes.
Um aumento no número de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) entre indivíduos jovens tem sido observado em todo o mundo, indicando a necessidade de esforços globais para melhorar a saúde sexual e reprodutiva desta população. Os adolescentes e os adultos jovens são particularmente vulneráveis a essas infecções. Muitas IST são assintomáticas e podem não ser identificadas e tratadas. O objetivo desse estudo foi descrever o conhecimento sobre IST, as atitudes e práticas sexuais dos estudantes universitários do Distrito Federal. A pesquisa foi observacional, descritiva, transversal, quantitativa e foi realizada em duas universidades: uma púbica e outra privada. Os estudantes com idade ≥ 18 anos e ≤ 29 anos, regularmente matriculados em uma das universidades, foram selecionados por meio de sorteio eletrônico e receberam por e-mail um vídeo explicando sobre a pesquisa e os convidando a participarem. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, eles tiveram acesso ao instrumento de coleta dos dados, disponível na ferramenta REDCap - Research Electronic Data Capture. Os dados extraídos do REDCap foram analisados usando o programa R. Do total de participantes (205), 179 tiveram suas respostas analisadas. Destes, 89(49,7%) estudantes eram da Universidade pública e 90(50,3%) da privada; 40,7% estavam matriculados no 1º ao 4º. semestre do curso e 59,1% no 5º. semestre ou mais. Entre os respondentes, 136(75,9%) eram do sexo feminino e 43(24,1%) do sexo masculino; a maioria se autodeclarou branca (n= 97; 54,1%); a faixa etária mais frequente foi de 20 a 24 anos (n= 113, 63,1%). Percentuais elevados, maiores do que 83%, de acerto foram observados nas questões sobre as formas de transmissão do HIV e da Neisseria gonorrhoeae, e percentuais mais baixos de acertos, menores do que 50%, foram observados em relação ao Treponema pallidum e aos vírus das Hepatites B, C e D. Noventa (87,3%) estudantes relataram ter tido relações sexuais nos últimos 12 meses, dos quais 33(36,6%) com mais de um parceiro sexual; 10(27,0%) tiveram com mais de cinco parceiros; 37(41,1%) com parceiros casuais; e 37(35,9%) com pessoas que conheceram por meio da internet; 40(44,4%) usaram camisinha na última relação sexual. Quanto ao uso de substâncias psicoativas, a mais relatada foi a bebida alcoólica; 88(85,4%) acreditam que a utilização de álcool pode levar a relações sexuais desprotegidas e 30(34,0%) relataram já terem feito sexo desprotegido sob influência do álcool. A totalidade dos estudantes relatou ter acesso à internet; 26(17,1%) usavam aplicativos de relacionamento; 22(84,6%) buscavam conhecer pessoas; e 22(88,5%) preferiam o Tinder, dos quais 8(30,7 %) acessavam semanalmente. Em conclusão, os estudantes conheciam as formas de transmissão do HIV e apresentaram lacunas no conhecimento sobre sífilis, hepatites B e C. Um baixo percentual de testagem para HIV, sífilis e hepatites foi relatado, e poucos completaram o esquema de vacinação contra o HBV e HPV. As práticas sexuais foram consideradas inseguras para a maioria da amostra e o uso de aplicativos de relacionamento foi relatado. As estratégias para enfrentamento das IST devem ser sistêmicas e integradas, rompendo a tradicional fragmentação das políticas e programas de governo. Faz-se necessário avançar nas pesquisas sobre as doenças, seus tratamentos, avançar na disponibilização dos recursos que minimizam os contágios, mas avançar, na mesma intensidade na compreensão do próprio humano e no momento social marcadamente modificado pelas tecnologias.