Perfis Imunológicos Basais Predizem Infecção por COVID-19 e Desfechos Clínicos entre Profissionais de Saúde: Evidências de um Estudo de Coorte Prospectivo no Brasil
COVID-19; SARS-CoV-2; preditores; resposta imune; biomarcadores imunológicos; mediadores imunológicoss solúveis séricos; quimiocinas; citocinas; fatores de crescimento.
Este estudo analisou o perfil basal de mediadores imunes séricos em profissionais do Hospital Universitário de Brasília com o objetivo de identificar padrões imunológicos preditores da infecção por COVID-19, bem como de seus desfechos clínicos e a sua associação com a idade dos participantes. Foram incluídos 386 indivíduos com diagnóstico negativo para COVID-19 no momento da coleta e previamente a ela, acompanhados por até 19 meses em estudo observacional prospectivo. As concentrações séricas de quimiocinas (CXCL8, CCL11, CCL3, CCL4, CCL2, CCL5, CXCL10), citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6, TNF-α, IL-12, IFN-γ, IL-15, IL-17) e reguladoras (IL-1Ra, IL-4, IL-5, IL-9, IL10, IL-13) e fatores de crescimento (FGF-básico, PDGF, VEGF, G-CSF, GMCSF, IL-2, IL-7) foram quantificadas por ensaio multiplex de alta capacidade. Os participantes foram categorizados conforme o diagnóstico prospectivo de COVID-19 [COVID-19 (-) e COVID-19 (+)], o tempo decorrido até o diagnóstico, os desfechos clínicos da infecção (presença, gravidade e duração dos sintomas) e as faixas etárias dos participantes. Os resultados demonstraram que os indivíduos que evoluíram com COVID-19 apresentavam níveis basais significativamente mais elevados dos mediadores imunes estudados em comparação ao grupo não infectado, sendo essa diferença inversamente proporcional ao tempo até o diagnóstico. GM-CSF, IL-5, VEGF, IL-13, CCL11 e IL-10 destacaram-se por apresentarem os maiores valores de fold change no grupo COVID-19 (+). As assinaturas imunológicas e as análises de redes corroboraram esses achados, evidenciando maior correlação entre mediadores nesse grupo, especialmente entre os indivíduos com diagnóstico precoce e formas clínicas sintomáticas leves de curta duração. Análises multivariadas e modelos de árvore de decisão identificaram GM-CSF, CCL11, CXCL10 e TNF-α como principais preditores de infecção, além da associação consistente de GCSF com quadros graves e sintomas prolongados. Conclui-se que o perfil basal de mediadores imunológicos séricos possui potencial preditivo robusto para a ocorrência futura de COVID-19 e seus desfechos clínicos, podendo subsidiar estratégias mais eficazes de prevenção e prognóstico.