ENTRE "ORIXÁ NÃO TEM COR" E "NÃO IMPORTA A COR DA UMBANDA":um estudo etnográfico sobre tensionamentos raciais, interdito e espacialidade numa Casa de Axé em Brasília - DF
Relações raciais, Branquitude, Umbanda, Terreiro, Racismo
O presente trabalho é uma etnografia realizada em um terreiro de Umbanda em
Brasília – DF. Interessado em compreender as dinâmicas relacionais em um espaço
afro-religioso, constituído majoritariamente por pessoas brancas, busquei através da
observação participante e da realização de entrevistas, investigar se haveria naquele
espaço a reprodução das várias formas de racismo que podem ser observadas na
sociedade brasileira. Entre incômodos por estar inserido em um espaço de maioria
branca e ter de interagir com as entidades do Terreiro, trilhei um caminho no intento
de realizar uma etnografia que não estivesse apartada de tudo que me atravessava
enquanto um “negro pesquisador”. Partindo desse lugar, percebi que o elemento racial
estava já muito presente nas narrativas que se construíram acerca da história da
Umbanda. Que o próprio Terreiro era intensamente atravessado por essa história e
que, assim como na instituição da Umbanda houveram muitos tencionamentos raciais,
estes também estavam presentes no Terreiro, conforme uma dinâmica de
espacialidade, “dentro”, “fora”, que estabelecia um interdito para a discussão da pauta
racial.