“Você é parda de um jeito e eu sou de outro”: identidades (des)racializadas e os processos de subjetivação de jovens pardas/os da periferia do Distrito Federal.
identidade; identificação; classificações raciais; categoria ‘pardo’; relações raciais; racismo; narrativas biográficas; etnografia.
Esta pesquisa teve como objetivo observar, interpretar e descrever o encontro
etnográfico entre pesquisadora e estudantes autodeclaradas/os pardas/os de ensino
médio em escola pública no Distrito Federal, Brasil, sobre suas percepções de
identidade, identificação e classificação racial, bem como sobre as dinâmicas raciais em
suas compreensões de trajetória de vida e em seus contextos sociais escolares e
familiares. Com trabalho de campo realizado entre agosto e novembro de 2023, o estudo
se deu por meio de observação participante em sala de aula e por entrevistas individuais
com sete interlocutoras/es. Inicialmente, observo que a raça não foi mencionada como
aspecto que marca suas autoidentificações. Contudo, ao longo de suas narrativas, atento
para como as dinâmicas e hierarquias raciais estão colocadas, assim como a diversidade
de significados atribuídos em torno da categoria “pardo”, acionadas com base nas
experiências de cada um/a, perpassando por uma série de categorias elaboradas a partir
da análise, como: (i) fluidez do fenótipo, (ii) multirracialidade, (iii) imposição de
racialidade; (iv) negação da negritude por um processo histórico de política de
branqueamento, valorização da brancura e antinegritude; (v) baixa percepção de
discriminação, embora manifestada; (vi) experiência de um status de classe ofuscar a
experiência racial; (vii) compreensão de ascendência indígena; dentre outros. A
pesquisa também discute as classificações raciais em disputa a partir da diversidade da
racialidade parda e as entradas e os entraves para as políticas públicas.