Detecção de Escherichia coli Patogênica Intestinal e sua Resistência Antimicrobiana em Cães Atendidos no Hospital Veterinário da Universidade De Brasília
Escherichia coli, resistência antimicrobiana, infecção intestinal, cães, saneamento básico
Bactérias da espécie Escherichia coli são comensais do sistema digestivo dos animais, porém existem cepas patogênica capazes de causar infecções intestinais e extraintestinais. As cepas patogênicas intestinais podem acometer diferentes animais, inclusive humanos, causando principalmente diarreia, e os principais fatores de virulência podem ser a presença de determinadas adesinas, toxinas e elementos genéticos móveis. A ocorrência de doenças diarreicas relacionadas a E. coli patogênica intestinal é maior em localidades com saneamento básico deficitário. A crescente resistência antimicrobiana de cepas de E. coli também vem sendo um desafio quanto ao tratamento dessas infecções. A ocorrência dessas bactérias em uma diversidade de animais e a grande proximidade de tutores e seus animais domésticos, trazem a preocupação quanto ao potencial zoonótico desses microrganismos. Este trabalho teve como objetivo detectar cepas de E. coli patogênicas intestinais em fezes de cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília, uma possível correlação da ocorrência dessas cepas com o saneamento básico do local de residência do animal e a sensibilidade antimicrobiana desses isolados. Para isso, foram coletadas amostras de fezes de 66 cães atendidos na clínica médica, das quais houve o isolamento de E. coli de 54 amostras. Foi também aplicado um questionário com os tutores com perguntas relativas a informações dos animais e condições de saneamento básico da residência. Essas 54 cepas foram testadas em exame de PCR para alguns dos principais genes de E. coli patogênica intestinal: eae, F41, K99, LT-1, LT-2, STa, STb, Stx1 e Stx2. Foi feito o antibiograma dessas cepas para testar a sensibilidade aos seguintes antibióticos: amoxicilina, amoxicilina/ ácido clavulânico, ampicilina, ampicilina/sulbactam, aztreonam, cefalexina, cefepime, ceftizoxima, ceftriaxona, enrofloxacina, gentamicina, imipenem, marbofloxacina, meropenem, sulfazotrim, sulfonamidas, tetraciclina e tobramicina. Cinco amostras apresentaram resultado positivo para a presença do gene da intimina (eae) (9,3%). Foi identificado que das quatro residências que apresentavam fossas rudimentares para o escoamento de águas residuais, em duas (50%) foram identificados animais com resultado E. coli eae+. A resistência antimicrobiana foi detectada amplamente em grande parte dos isolados, tendo os antibióticos penicilinas associadas com inibidores de β-lactamase e fluoroquinolonas como os que tiveram maior sensibilidade, mas ainda assim com um número significativo de cepas resistentes. A investigação sobre a ocorrência de E. coli, incluindo a emergência de novas cepas patogênicas e resistentes a antimicrobianos, a prevenção e o controle devem ser contínuos e ter a concepção de saúde única como central nessas abordagens, visto a complexidade de fatores que determinam essa ocorrência, tendo humanos, animais e ambiente como peças fundamentais para a melhor compreensão e tomada de decisão.