Prevalência de dengue e seus fatores associados em participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes – ERICA
Dengue. Fatores de risco. Adolescentes. Obesidade. Condições Socioeconômicas
Introdução: A dengue é uma doença de importância em saúde no Brasil. Os fatores de risco incluem menor idade, baixa escolaridade, presença de comorbidades e fatores socioambientais. Objetivo: estimar a associação entre fatores de risco e a soroprevalência de dengue em uma amostra da coorte de adolescentes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), com base nos dados coletados na segunda onda do estudo, realizada em 2018. Método: Trata-se de um estudo transversal com dados de uma subamostra de adolescentes provenientes da segunda onda do ERICA. Para a análise foram calculadas frequências absolutas e relativas. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk para avaliação da normalidade. A variável dependente foi resultado positivo ou negativo para IgG DENV, as variáveis independentes avaliadas foram sexo, idade, nível socioeconômico e classificação do IMC. Foi utilizada a regressão de Poisson com variância robusta. A escolha do modelo final considerou os critérios de AIC/ BIC e que incluía as variáveis fundamentais sexo e idade. Resultado: Foram avaliados 160 participantes, destes, 80% testaram positivo para dengue. A média de idade foi 20 anos (mín. 16/ máx. 23). A maioria do sexo feminino, mais da metade se autodeclararam pardos ou pretos. Do nível socioeconômico, pouco mais da metade pertenciam às classes socioeconômicas mais ricas (A e B1). Maioria tinha IMC normal e não referiu comorbidades. Na regressão de Poisson com variância robusta, os participantes pertencentes à classe socioeconômica menos rica tiveram uma prevalência 14,8% maior em relação aos Alto nível socioeconômico (RP = 1,17; IC95%: 1,00–1,35; p = 0,044). O excesso de peso foi significativamente associado à soropositividade para dengue, com uma prevalência 17,8% superior à daqueles com IMC normal (RP = 1,20; IC95%: 1,03–1,39; p = 0,016). As variáveis sexo e idade foram incluídas por sua relevância teórica/epidemiológica; não demonstraram associações estatisticamente significativas. Conclusão: Os fatores de risco associados à positividade para dengue entre os adolescentes da segunda fase do ERICA em 2018, foram o excesso de peso e o nível socioeconômico. Os achados reforçam, além do já conhecido nível socioeconômico como importante preditor para dengue, a associação entre o estado nutricional e a suscetibilidade à infecção, ressaltando que fatores individuais, como o excesso de peso, também devem ser considerados na formulação de estratégias de vigilância, prevenção e controle da doença.