EFEITOS DE UM TREINAMENTO COM REALIDADE VIRTUAL IMERSIVA COMPARADO COM O CICLISMO ESTACIONÁRIO SOBRE O TREMOR E A QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM A DOENÇA DE PARKINSON: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Doença de Parkinson; Tremor de Repouso; Destreza manual; Realidade Virtual Imersiva; Ciclismo.
Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença crônica, progressiva e neurodegenerativa que pode causar diferentes tipos de tremores e comprometimento na destreza manual, podendo impactar na realização de atividades cotidianas e na qualidade de vida. Terapias utilizando Ciclismo Estacionário ativo (CE) já demonstraram serem capazes de reduzir o tremor de repouso e melhorar o desempenho dos membros superiores (MMSS) em pessoas com DP. Por outro lado, Treinamentos com Realidade Virtual (RV) não imersiva também já se mostraram opções de tratamento seguras e efetivas para a melhora do equilíbrio, da marcha e da destreza manual nessa população. Porém, até o momento, não foram avaliados os possíveis efeitos do uso da RV Imersiva (RVI) sobre o tremor e a qualidade de vida de pessoas com DP. Objetivos: Este estudo teve como objetivos avaliar a efetividade de um treinamento com a RVI comparado a um treinamento com o CE, sobre o tremor de repouso, postural, cinético e a qualidade de vida de pessoas com DP. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado, cego e controlado. Foi recrutada uma amostra com 22 pessoas com diagnóstico de DP. Os participantes foram randomizados em dois grupos: RVI (n=11) e CE (n=11). Os protocolos de intervenção foram aplicados durante 8 semanas consecutivas, distribuídas em duas sessões semanais, com duração de 60 minutos. Os tremores foram avaliados com a Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS) partes II e III e com o aplicativo de smartphone Study my tremor. A qualidade devida foi avaliada por meio do questionário Parkinson’s Disease Questionnaire-39 (PDQ-39). As avaliações foram realizadas previamente às intervenções e ao final das intervenções. Resultados: Os resultados mostraram que, embora não tenham sido encontradas mudanças estatisticamente significativas nos tremores, após os treinamentos com RVI ou com CE, grandes tamanhos de efeito foram encontrados, indicando redução das amplitudes dos tremores postural e cinético, apenas após o treino com RVI. Não houve diferenças significativas ou efeitos importantes nas frequências dos tremores. O treinamento com RVI resultou em melhora significativa na percepção total da qualidade de vida (p=0,01) e melhora clinicamente importante (MCID) na percepção dos subdomínios de estigmas, cognição e desconforto corporal, exclusivamente após o treinamento com RVI. O treinamento com CE promoveu melhora significativa no subdomínio de mobilidade, enquanto o subdomínio das atividades da vida diária apresentou melhora após ambos os tipos de treinamento. Conclusão: O treinamento com a realidade virtual imersiva (RVI) pode potencialmente promover redução do tremor postural e cinético e melhora da percepção de QV em pessoas com DP.