''Prevalência de dor ou lesão musculoesquelética em praticantes de treinamento resistido em Brasília/DF, Brasil: Um estudo transversal''
Prevalência; dor musculoesquelética; lesão musculoesquelética; musculação; treinamento resistido; levantamento de peso.
Contextualização: Os distúrbios musculoesqueléticos (DM) nos esportes constituem um importante prejuízo à saúde e podem afetar de forma significativa a qualidade de vida de seus praticantes. A maioria dos estudos de prevalência de dor ou lesão (DL) no esporte foram realizados em países de alta renda, com características distintas aos países de média e baixa renda. Há falta de estudos grandes e de alta qualidade investigando a prevalência de dor ou lesão musculoesquelética em praticantes de treinamento resistido (TR) no Brasil. Objetivo: Estimar a prevalência de DL pontual, nos últimos 30 dias e nos últimos 12 meses em praticantes de TR na cidade de Brasília/DF, Brasil, utilizando um contingente amostral que se aproxime das características sociodemográficas da população brasileira, seguindo todas as diretrizes existentes sobre a condução de estudos de prevalência específicos para DM. O objetivo secundário foi investigar os fatores associados com a prevalência de dor ou lesão. Métodos: Este estudo transversal recrutou 730 praticantes de TR de ambos os sexos, com idade igual ou maior a 18 anos; praticante regular de TR e que treinasse em uma academia de Brasília/DF registrada no CREF-7. As coletas de dados foram realizadas em quatro academias de ginástica em Brasília-DF, que autorizaram a realização da pesquisa em suas dependências, pessoas foram selecionadas aleatoriamente no período de maio a dezembro de 2022. Entrevistas e perguntas autoadministradas foram usadas para estimar a prevalência pontual, nos últimos 30 dias e nos últimos 12 meses. Além disso, foram coletadas informações sociodemográficas, regiões anatômicas acometidas por DL e características do treinamento. Resultados: A estimativa de prevalência pontual de dor foi de 20,3% e lesão 7,4%, prevalência nos últimos 30 dias para dor foi de 37,7 e lesão 12,8% e a prevalência nos últimos 12 meses para dor 42% e lesão 79,7%. Sendo observado que os valores de prevalência, tanto para dor, quanto para lesão, apresentam um gradiente de crescimento, em função do aumento do tempo de relatado. As regiões anatômicas com maiores indicações de acometimento por dor foram a coluna lombosacral (34,3%), ombro (33%) e joelho (32,7%). Já as regiões anatômicas acometidas por lesão, mostram em destaque as regiões do ombro (31,1%), coluna lombossacral (29,1%) e joelho (14,9%). O modelo de regressão logística ajustado para analisar os preditores de dor ou lesão, quatro variáveis se apresentaram como fatores determinantes de dor e lesão, sendo duas com efeito protetor e duas com efeito de aumento de chances. Como efeitos protetivos estão o estado civil casado, em relação ao solteiro (OR = 0,60; IC95%: 0,39 a 0,91; p-valor = 0,017) e instrutores presentes ativamente na academia fazendo correções nos treinos (OR = 0,52; IC95%: 0,30 a 0,90; p-valor = 0,02). As variáveis preditoras que apresentaram aumento de chances foram a faixa etária 30 a 39 anos, em comparação à faixa de 18 a 24 anos (OR = 2,02; IC95%: 1,13 a 3,61; p-valor = 0,018) e a necessidade de modificação/ adaptação do treino com duas categorias: muito frequentemente (OR = 4,85; IC95%: 1,41 a 16,72; p-valor = 0,012) e frequentemente (OR = 2,61; IC95%: 1,53 a 4,44; p-valor < 0,001), ambos em relação à categoria nunca. Discussão e Conclusão: Este é o maior estudo de prevalência realizado na Cidade de Brasília/DF. A prevalência de dor ou lesão musculoesquelética no último ano são maiores em comparação com os dados existentes em países desenvolvidos. Os resultados deste estudo poderão ser utilizados para a realização de políticas públicas e direcionamento de financiamento em pesquisas, a fim de abordar questões-chave e esforços coordenados do governo, setor privado, universidades e profissionais que atuam na saúde desportiva para oferecer uma gestão adequada dos distúrbios musculoesqueléticos em países de renda média.