“Neofobia alimentar em crianças brasileiras”
“Neofobia alimentar em crianças brasileiras”
“_Introdução: A neofobia alimentar é a relutância em comer novos alimentos, ou seja, aqueles que não são familiares. O pico ocorre na infância, por volta dos dois aos seis anos de idade e tende a diminuir, se estabilizando na idade adulta. Crianças com neofobia alimentar tendem a ter uma alimentação menos variada, podem consumir menos frutas e hortaliças, pescados, ovos, frango e queijos, e gostam de comer mais doces e salgadinhos. Há diversos estudos no mundo sobre a neofobia alimentar, mas pouquíssimos instrumentos apropriados e validados para cada tipo de público que se quer avaliar. No Brasil, há dois instrumentos para avaliar a neofobia alimentar em brasileiros, um avalia adultos, e o outro crianças, por meio do que seus cuidadores observam. Entretanto, não há dados nacionais sobre como é a neofobia alimentar em crianças brasileiras, se essas crianças apresentam uma neofobia para frutas e hortaliças, assim como é esperado e visto em outros países, pois o instrumento não passou por validação externa, nem apresenta um score para classificar a neofobia em níveis. Objetivo: Avaliar a prevalência nacional de neofobia alimentar em crianças brasileiras. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório com corte transversal, de avaliação da neofobia alimentar em crianças, subdividido nas seguintes etapas: (I) Aplicação do instrumento para identificar a neofobia alimentar em crianças brasileiras por seus cuidadores; (II) definição da pontuação do instrumento; (III) construção de score para classificar a neofobia alimentar; (IV) avaliação e caracterização da prevalência nacional de neofobia alimentar entre crianças brasileiras. (V) comparação entre os públicos mais suscetíveis à neofobia. Resultados: O instrumento apresenta 25 itens, sendo que o primeiro domínio, neofobia em geral, tem 9 itens, e o segundo e terceiro domínios, neofobia para frutas, e neofobia para hortaliças respectivamente tem 8 itens cada. Cada pergunta apresenta 5 opções de respostas, em escala Likert, e suas pontuação foram invertidas de forma que um comportamento mais neofóbico fosse a pontuação mais alta, e que a neofobia mais baixa (ou a ausência de neofobia) fosse a pontuação mais baixa. Dessa forma, a escala Likert foi pontuada de 0 a 4 em todas as perguntas, logo, o instrumento completo apresentava a possibilidade de pontuação de 0 a 100, o domínio neofobia em geral de 0 a 36, o domínio de neofobia para frutas de 0 a 32, e o domínio de neofobia para hortaliças também de 0 a 32. De forma que pontuações mais altas indicam uma alta neofobia alimentar. Foram criadas 3 categorias de neofobia, sendo I) baixa, II) média/moderada e III) alta. Essa categorização ocorreu baseadas nos escores da amostra do estudo, ou seja, com base na aproximação tercial foram considerados os pontos de corte para separar a amostra em três grupos de tamanhos semelhantes. O estudo teve participação de 1112 participantes, e houve uma prevalência de alta neofobia alimentar de 33,4%.