"USO SUSTENTÁVEL DA BIODIVERSIDADE DO CERRADO: ESTUDO QUÍMICO BIOMONITORADO DE ESPÉCIES NATIVAS PARA O CONTROLE DE DIABETES."
“diabetes mellitus; biodiversidade; α- glicosidase; α-amilase: Cerrado”
“A biodiversidade brasileira, particularmente no bioma ameaçado do Cerrado, apresenta um potencial significativo para a descoberta de novos produtos naturais, com aplicações farmacêuticas que podem impulsionar o desenvolvimento sustentável. À medida que a perda de habitat se intensifica, aumenta a urgência de conhecer e conservar essa rica biodiversidade. Atualmente, pesquisas relacionadas ao uso de produtos florestais e não florestais têm sido incentivadas devido à nova tendência da bioeconomia e da saúde única, o que é fortalecido por dados da OMS, que informa que aproximadamente 80% da população mundial utiliza plantas medicinais para suprir as necessidades primárias de saúde. Algumas doenças tiveram aumento em casos nos últimos anos, devido a fatores biológicos e sociais, a exemplo da diabetes, que até 2030 poderá atingir 643 milhões de pessoas, o que requer pesquisas aprimoradas com soluções terapêuticas adequadas. Este estudo foca em Unidades de Conservação (UC), DF, caracterizadas como Uso Sustentável, onde 10 espécies foram selecionadas para potenciais propriedades anti-antidiabéticas: Lepidaplao aurea, Psidium laruotteanum, Trema micrantha, Styrax ferrugineus Nees & Mart., Lobelia brasiliensis, Cordiera sessilis, Aegiphila verticillata, Erytroxylum tortuosum, Croton urucurana e Pterodon pubescens. O método proposto consiste em coletar folhas/ fllores das espécies botânicas do Cerrado; extrair os compostos químicos em solventes (aquoso, etanólico e hexânico); realizar o teste enzimáticos colorimétricos (αglicosidase e α-amilase); efetuar o estudo biomonitorado com a espécie mais proeminente e identificar os compostos químicos, por meio de análise química instumental. No screnning os extratos que excederam 70% de inibição, em 1 mg/mL de enzima, foram considerados ativos. Entre as espécies avaliadas, os extratos etanólicos (EE) das folhas de P. laruotteanum e E. tortuosum demonstraram a melhor inibição enzimática em α-glicosidase (98,8% e 93,8%, respectivamente) e α-amilase (75,3% e 92%, respetivamente) e o melhor IC50 enzimatico avaliado foi em α-glicosidase para ambas espécies (EEP=5,07 μg/mL e EEt= 21,60 μg/mL). O E. tortuosum foi a espécie selecionada para o biomonitoramento, que apresentou a fração EtF3 mais ativa enzimaticamente, IC50 = 39,50 μg/mL para αamilase e IC50 = 9,11 μg/mL para α-glicosidase, sendo a inibição nesta última enzima superior ao controle positivo (desoxinojirimicina), IC50= 28,83 μg/mL. Também, foram identificados dois compostos na espécie E. tortuosum, por CLAE e RMN, a rutina e o ombuin- 3-O- rutinosídeo, ainda não publicados. Estes resultados, embora preliminares, oferecem perspectivas promissoras para isolar e caraterizar os compostos bioactivos responsáveis pela atividade anti-diabetes. Esta investigação não só apoia a descoberta de fármacos, como também sublinha o papel vital da conservação da biodiversidade na promoção de estratégias de desenvolvimento sustentável.