Atenção à doença de Alzheimer no SUS: aspectos estruturais, clínicos e terapêuticos em uma análise multidimensional
“Doença de Alzheimer; Sistema Único de Saúde; Atenção Integral à Saúde; Intervenções não farmacológicas; Sobrecarga do cuidador.”
“A Doença de Alzheimer (DA) representa uma das principais causas de dependência em pessoas idosas, acarretando impacto significativo tanto nos indivíduos acometidos quanto em seus cuidadores e no sistema público de saúde. Com o aumento da longevidade e a consequente elevação da prevalência de demências, torna-se fundamental compreender os múltiplos aspectos que envolvem a atenção à DA no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta tese propõe uma análise multidimensional da atenção à DA na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), considerando componentes clínicos, estruturais e terapêuticos relacionados ao cuidado ofertado. O objetivo foi analisar, sob essa perspectiva, a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) no manejo clínico e terapêutico de sintomas neuropsiquiátricos em pessoas idosas com DA, assim como os fatores associados à sobrecarga do cuidador. A pesquisa é composta por dois estudos observacionais, descritivos e transversais, de abordagem quantitativa. O primeiro estudo avaliou dados de 962 díades cuidador–idoso com demência, atendidas em serviço especializado no cuidado à pessoa idosa, com foco nos fatores associados à sobrecarga do cuidador. O segundo estudo, com base em questionários estruturados aplicados a profissionais da SES-DF, investigou a composição das equipes interdisciplinares, o uso de intervenções não farmacológicas e o manejo de agitação e agressividade em pessoas com DA. Os resultados indicaram que a sobrecarga do cuidador esteve associada a sintomas neuropsiquiátricos, sexo masculino do idoso, idade inferior a 90 anos, maior escolaridade, dependência funcional e financeira, multimorbidades e estágio moderado da doença. Verificou-se, ainda, que a maioria dos profissionais relatou segurança no manejo clínico de comportamentos disruptivos; entretanto, as equipes são predominantemente compostas por médicos e enfermeiros, com baixa inserção de práticas não farmacológicas ou integrativas e complementares. Profissionais com capacitação específica demonstraram maior capacidade de atuação em cuidado compartilhado. Os achados evidenciam lacunas na atenção à DA no SUS, destacando a necessidade de políticas públicas que promovam a institucionalização de abordagens não farmacológicas, qualificação profissional e fortalecimento das redes de cuidado. Conclui-se que a promoção de um cuidado equitativo, resolutivo e centrado nas necessidades da pessoa com demência e seus cuidadores requer ações intersetoriais, formação continuada e suporte à prática interdisciplinar.”