Bioética Narrativa e a Construção do Processo de Ensino-Aprendizagem em Direitos Humanos na Saúde
“Bioética; Direitos Humanos; Ensino; Educação em Saúde; Filmes Cinematográficos; Fotografia.”
“Introdução: A Bioética Narrativa configura-se como abordagem eficaz para lidar com conflitos, permitindo que o sujeito interaja e influencie o meio social de modo mais consciente e reflexivo. No ensino de Direitos Humanos, favorece a compreensão das experiências humanas em sua complexidade e amplia o debate sobre práticas de saúde mais justas e inclusivas. Nesse contexto, a fotografia, associada à Bioética Narrativa, emerge como ferramenta poderosa para compartilhar experiências que refletem cultura, tradição e valores. Do mesmo modo, o cine-debate, ao articular linguagem audiovisual e diálogo crítico, potencializa a sensibilização ética e a reflexão coletiva, estimulando pensamento crítico e construção de narrativas compartilhadas. Objetivo: Elaborar e validar uma metodologia participativa de ensino baseada na Bioética Narrativa, integrando fotografia e cine-debate como ferramentas pedagógicas para o processo de ensino-aprendizagem dos direitos humanos em cursos da área da saúde. Metodologia: Estudo qualitativo social, estruturado em três etapas: fase exploratória, com oficina fotográfica piloto; trabalho de campo em três turmas de graduação em enfermagem, com oficinas pedagógicas que articularam fotografia, cine-debate e mapeamento de violações de direitos humanos; e análise do material empírico e documental. Utilizaram-se análise narrativa e iconográfica, questionários pré e pós-oficina e análise de conteúdo. Resultados: A pesquisa produziu quatro artigos que evidenciaram: o potencial das múltiplas narrativas como estratégias formativas; a análise narrativa e iconográfica das produções fotográficas como recurso didático; o mapeamento de violações de direitos humanos no Distrito Federal; e a validação do cine-debate como metodologia ativa no ensino em direitos humanos. Discussão: Os achados mostram que fotografia e cine-debate ampliaram a sensibilização dos acadêmicos para questões éticas, sociais e políticas, favorecendo a consciência crítica para a prática em saúde. As oficinas criaram espaços de diálogo em que estudantes reconheceram e ressignificaram violações de direitos humanos a partir de suas experiências, fortalecendo empatia e capacidade deliberativa. A análise narrativa e iconográfica evidenciou o papel singular da arte como recurso pedagógico que articula razão e emoção. As metodologias ativas favoreceram a autonomia, estimularam a participação e promoveram construção compartilhada do conhecimento. Assim, a Bioética Narrativa consolidou-se como via crítica de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo formativa e emancipatória. Conclusão: A pesquisa reforça a relevância de integrar Bioética Narrativa e Direitos Humanos aos currículos da saúde por meio de metodologias ativas inovadoras. A fotografia e o cinedebate mostraram-se não apenas estratégias de sensibilização ética, mas também meios de empoderamento de futuros profissionais, aptos a reconhecer e enfrentar injustiças, exclusões e violências. Como contribuição prática, a tese oferece modelo pedagógico replicável em diferentes contextos de formação, estimulando interdisciplinaridade e diálogo entre bioética, educação e direitos humanos. Do ponto de vista teórico, reafirma a centralidade da narrativa e da arte para a formação crítica e reflexiva em saúde. Como limite, reconhece-se a necessidade de maior tempo de acompanhamento das oficinas para maturação das aprendizagens e avaliação de impactos a médio e longo prazo. Ainda assim, o estudo abre caminho para pesquisas e intervenções que articulem arte, ética e pedagogia, contribuindo para a consolidação de uma prática em saúde mais humanizada, justa e comprometida com a dignidade humana”