MORTALIDADE NO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL E INFANTIL POR CAUSAS EXTERNAS ENTRE 2015 E 2022 NA POPULAÇÃO INDÍGENA BRASILEIRA
“Mortalidade no ciclo gravídico-puerperal; Mortalidade Infantil; População Indígena; Causas Externas; Violência; Saúde Pública.”
“Introdução: A mortalidade no ciclo gravídico-puerperal e infantil entre indígenas no Brasil constitui grave problema de saúde pública, agravado por desigualdades sociais e barreiras no acesso aos serviços. Mortes por causas externas, como homicídios, acidentes e suicídios, são elevadas nesse grupo e refletem vulnerabilidades estruturais e históricas. A ausência de políticas eficazes reforça a necessidade de estudos aprofundados. Objetivo: Analisar as causas externas e violentas que impactam a mortalidade no ciclo gravídico-puerperal e infantil indígena entre 2015 e 2022, identificando padrões e comparando causas de morte. Método: Estudo descritivo observacional baseado em dados do SINASC e do SIM/DATASUS. Incluíram-se óbitos no ciclo gravídicopuerperal e infantis de pessoas registradas como indígenas e classificados como mortes por causas externas segundo a CID-10. Calcularam-se a Razão de Mortalidade no ciclo gravídico-puerperal (RMCGP) e a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI), com análise de tendência histórica por regressão linear. Resultados: Entre 2015 e 2022, registraram-se 29 mortes no ciclo gravídico-puerperal por causas externas (média 3,6/ano), principalmente por agressão (31%), acidentes de trânsito (28%) e suicídio (24%). No mesmo período, ocorreram 373 mortes infantis, sendo 60,6% por agressão e 25,5% por afogamento. A RMCGP foi de 12,37 por 100.000 nascidos vivos e a TMI de 148,8 por 1.000, com picos em 2015 e 2021. Indígenas apresentaram as maiores taxas de mortalidade infantil por agressão e afogamento quando comparados a outros grupos raciais. Conclusões: A elevada incidência de mortes indígenas por causas externas no ciclo gravídico-puerperal e infantil reflete vulnerabilidade e negligência histórica. A literatura aponta que a violência contra mulheres e crianças indígenas, associada a conflitos territoriais, precariedade socioeconômica e exclusão dos serviços de saúde, exige ações urgentes e intersetoriais para garantir equidade e proteção social. ”