Detecção de anticorpos salivares anti-SARS-CoV-2 em adultos vacinados
COVID-19; SARS-CoV-2, saliva, anticorpos, anticorpos neutralizantes, IgG, IgA, vacinas contra COVID-19
O presente trabalho foi proposto para avaliar a viabilidade da saliva como uma alternativa para detecção de anticorpos anti-SARS-CoV-2. Esse trabalho foi dividido em 2 estudos. O primeiro objetiva avaliar a detecção de anticorpos anti-SARS-CoV-2 na saliva após a vacinação usando a metodologia da revisão sistemática rápida. Foram incluídos 15 estudos, com aproximadamente 1.080 amostras de saliva de indivíduos vacinados e/ou convalescentes. As vacinas eram principalmente à base de RNA, incluindo também vacinas com vetor viral recombinante. As técnicas aplicadas para avaliação de anticorpos salivares incluíram ensaio ELISA, Imunoensaio Multiplex, Citometria de Fluxo, Neutralização e ensaios Eletroquímicos. A IgG, mas não IgA, foi frequentemente encontrada na saliva de vacinados anti-COVID-19. Embora os títulos de anticorpos sejam mais baixos na saliva que no soro, os resultados mostraram que a saliva é adequada para detecção de anticorpos. O segundo estudo foi do tipo experimental longitudinal e tinha o objetivo de avaliar a detecção de anticorpos antiSARS-CoV-2 no soro e na saliva de adultos vacinados. Foram incluídos 13 participantes como controle negativo e 35 participantes vacinados com duas doses da vacina CoronaVac que posteriormente receberam a vacina Pfizer como terceira dose. Os participantes vacinados foram avaliados após a segunda dose, um mês e cinco meses após a terceira dose, totalizando 118 amostras de saliva. Foi utilizado o ensaio ELISA para detecção de anticorpos neutralizantes (NAb), IgA e IgG. Ainda, eletroquimioluminescência para detecção de anticorpos totais (TAb) em 20 amostras iniciais. O TAb foi detectado em 10/10 amostras no soro (158.13±88.1 U/mL) e somente em 3/10 na saliva (0.63±0.46 U/mL) após a segunda dose. No soro, NAb foi detectado em 34/35 participantes após a segunda dose (57,86±20,74%) e em 35/35 participantes um mês (95,6±3,34%) e cinco meses (95,03±1,17%) após a terceira dose (p<0,0001). Na saliva, NAb foi detectado em 30/35 amostras após a segunda dose (6,54±5,54%), e em 35/35 amostras um mês (29,51±11,96%) e cinco meses (10,17±4,99%) após a terceira dose (p<0,0001). A IgA foi detectada em 19/34 amostras de saliva após a segunda dose (1,46±1,01 ratio), 18/35 amostras de saliva um mês após a terceira dose (1,71±1,65 ratio) e 30/35 cinco meses após a terceira dose (2,69 ±1,72 ratio) (p<0,0013). A IgG foi detectada em 1/34 amostras de saliva após a segunda dose (0,38±0,21 ratio), 33/35 amostras de saliva um mês após a terceira dose (3,08±1,63 ratio) e 20/35 amostras de saliva cinco meses após a terceira dose (1,44±0,76 rario) (p<0,0001). Houve correlação positiva entre NAb e TAb no soro (r=0,6634), NAb no soro e IgG na saliva (r=0,7896), e NAb e IgG ambos na saliva (r=0,6115). Observou-se excelente sensibilidade para o teste de NAb salivar (95%). O teste de IgG salivar apresentou excelente sensibilidade (100%) no geral, excelente acurácia (100%) um mês após a terceira dose e ainda boa acurácia (85%) cinco meses após a terceira dose. Os anticorpos NAb, IgA e IgG foram encontrados na saliva dos vacinados. Concluindo, os estudos mostraram que anticorpos anti-SARS-CoV-2 podem ser encontrados na saliva de indivíduos vacinados para COVID-19.