ESTUDO DO POTENCIAL ADIPOGÊNICO DOS AGROTÓXICOS SIMAZINA E PROMETRINA EM CULTURA DE CÉLULAS
Agrotóxicos, desreguladores endócrinos, adipogênese.
O Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo. A exposição a esses compostos pode gerar desordens no metabolismo endócrino, denominados como desreguladores endócrinos. Estudos recentes apontam evidências que a exposição a essas substâncias pode estar associada à obesidade e outras desordens metabólicas. Estudos prévios e ainda não publicados do grupo de pesquisa ao qual faço parte, demonstram que alguns agrotóxicos, podem promover acúmulo lipídico em cultivo celular de células 3T3-L1, dentre eles a ametrina, composto pertencente ao grupo das triazinas. Considerando o alto consumo de agrotóxicos no Brasil e poucos estudos a respeito de seus efeitos desregulador, este presente estudo teve como objetivo o estudo do potencial adipogênico de dois compostos, simazina e prometrina, pertencentes ao mesmo grupo da ametrina. Para avaliar o potencial adipogênico dos agrotóxicos, foi realizado um ensaio de diferenciação celular em células 3T3-L1. Neste ensaio, células 3T3-L1 foram tratadas durante 14 dias com veículo (DMSO), rosiglitazona ou concentrações crescentes dos agrotóxicos que promoveram o acúmulo lipídico. Considerando que os agrotóxicos promoveram acúmulo lipídico, foi realizado um ensaio de transfecção e gene repórter da luciferase para avaliar os efeitos transcricionais dos compostos sobre os receptores nucleares PPARγ e RXRα. Para isso, células HeLa foram co-transfectadas com plasmídeos contendo DNA complementar ao receptor e plasmídeos com seus elementos responsivos fusionados ao gene repórter da luciferase e tratadas por 24h com veículo (DMSO), agonistas conhecidos dos receptores em estudo ou concentrações crescentes dos agrotóxicos simazina e prometrina, foi observado que os agrotóxicos em estudo não apresentaram efeito agonista dos receptores avaliados. Levando em conta que tanto a simazina como a prometrina promoveram acúmulo lipídico em células 3T3-L1, foi realizado um ensaio para avaliar se esse efeito é dependente de PPARγ. Para tanto, foi realizado um ensaio de diferenciação celular em células 3T3-L1, tratadas por 14 dias na presença ou ausência do antagonista específico de PPARγ T0090709, veículo (DMSO), rosiglitazona ou concentrações crescentes dos agrotóxicos simazina e prometrina. Neste ensaio, observou-se uma redução significativa de acúmulo lipídico nas células tratadas na presença do antagonista de PPARγ T0090709 em ambos os agrotóxicos, o que sugere que o acúmulo lipídico promovido pelos agrotóxicos simazina e prometrina são dependentes do receptor PPARγ. Os resultados obtidos neste estudo podem auxiliar no melhor entendimento a respeito dos efeitos desses compostos na saúde humana e dos animais. Bem como gerar o incentivo em pesquisas por compostos mais eficientes e com menores efeitos negativos. Porém, mais estudos se fazem necessários.