“Estudo sobre o perfil da população-chave que acessa a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV/Aids (PrEP) no Brasil.”
“_Dispensação de Medicamentos. HIV/Aids. Profilaxia Pré-Exposição. Saúde Pública. População Negra.”
“_Objetivo: Analisar o processo de dispensação de medicamentos para Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil, no período de 2018 a 2021, e caracterizar o perfil sociodemográfico da população-chave que fez uso da PrEP na perspectiva das desigualdades de raça/cor e gênero. Métodos: Estudo descritivo e exploratório, que descreveu e explicou uma situação com base na investigação de condicionantes, sua complexidade e outras questões pertinentes. Foi utilizada análise de dados secundários a partir de informações pré-existentes disponibilizadas pelo Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do MS, para identificar o número de dispensações da PrEP considerando informações relacionadas a localidade, gênero, raça/cor, idade, anos de estudo, nacionalidade, sexo e orientação sexual. Resultados: Pessoas brancas (segmento representando aproximadamente 60%), com ênfase em homens gays, sendo 75% com alta escolaridade (12 anos de estudo ou mais), foram os grupos que apresentaram maior adesão à PrEP. Pessoas heterossexuais demonstraram menor adesão à profilaxia. Evidenciou-se que a representatividade da população negra que faz uso da PrEP ocorre, em maior parte, às custas da categoria “pardo”, o que pode indicar que, quanto mais escura for a cor da pele, menor é a adesão ou o acesso à PrEP. Conclusão: A maioria da população apresentou registro de apenas uma dispensação de PrEP, o que indica que a adesão à profilaxia foi predominantemente de curto prazo. Observou-se também que o número de dispensações é influenciado por questões de gênero e raça, resultando em menor adesão à PrEP por parte de mulheres, especialmente mulheres trans, pretas e pardas. Outros fatores, como idade (particularmente entre 18-24 anos e acima de 50 anos) e baixa escolaridade, também configuram possíveis barreiras sociais à profilaxia. Além disso, mesmo quando há adesão, pode haver maior probabilidade de descontinuidade. Sugere-se que ser mulher, negra, travesti ou transexual tem relação direta com a dificuldade de aderir à PrEP, especialmente quando se reside na região Norte do Brasil.”