O desaparecimento social de mulheres negras na pandemia de COVID-19.
Desaparecimento social; mulheres negras; pandemia; COVID-19; Direito à Memória
O presente trabalho versa sobre o desaparecimento social da mulher negra na sociedade brasileira. O desaparecimento social consiste em estratégia de manutenção de poder, e para esta pesquisa, é analisado à luz do recorte racial e de gênero. A história do Brasil é construída a partir do regime escravocrata que perdurou por 388 anos e seus reflexos são sentidos pela população negra brasileira ainda nos dias atuais, e em razão desta construção, à mulher negra é destinada a base da pirâmide da sociedade. Neste sentido, importante compreender as formas como o desaparecimento social opera a partir das práticas atualizadas do colonialismo que se reinventa à medida que se percebe necessário para manutenção do poder. Durante a pandemia do COVID-19, os dados explicitados não foram concisos no que se refere à raça, e à raça e gênero, de modo que embora haja suspeita de subnotificação, ainda assim, mulheres negras são as principais vítimas do período pandêmico. A análise realizada a partir de pesquisa bibliográfica combinada com análise dos dados explicitados durante a pandemia por COVID-19, demonstra como há uma sistemática ausência de políticas públicas voltadas às mulheres negras e que no contexto pandêmico se traduziu através dos dados escassos/subnotificados quando considerada a interseccionalização de raça, gênero e classe. A revisão bibliográfica aponta que é fundamental pensar uma estratégia de combate ao desaparecimento social da mulher negra a partir do Direito à Memória para a ressignificação da mulher negra na sociedade brasileira.