Extrema-direita e Polícia Militar: A gramática moral dos policiais militares e sua adesão ao Bolsonarismo
Bolsonarismo; extrema-direita; polícia militar; segurança pública; Câmara dos Deputados
No contexto de ascensão da extrema-direita no Brasil, observou-se um significativo alinhamento de setores da segurança pública, especialmente da Polícia Militar, ao discurso bolsonarista, levantando questões sobre as raízes dessa adesão e o papel que a formação e a socialização militar desempenham na configuração das práticas e discursos políticos desses agentes. Esta dissertação discute a gramática moral dos policiais militares bolsonaristas a fim de compreender a relação entre a sua formação militar e a adesão ao bolsonarismo. Para isso, partimos das seguintes questões: Quais são os perfis e as trajetórias políticas dos policiais militares bolsonaristas eleitos para a Câmara dos Deputados em 2022? Como se configura a gramática moral que influencia os sentimentos, as ações e os discursos dos policiais militares bolsonaristas eleitos para a Câmara dos Deputados em 2022? De que maneira as suas atuações políticas foram moldadas pela sua socialização como policiais militares? Para responder a essas questões, elegemos como campo empírico de investigação as publicações veiculadas no Facebook por esses parlamentares durante a campanha eleitoral (16 de agosto a 01 de outubro de 2022) e no período pré-8 de janeiro (30 de outubro de 2022 a 08 de janeiro de 2023). Por meio da combinação de técnicas de Análise do Conteúdo das postagens, observamos que o conservadorismo moral, a exaltação do líder, o punitivismo e o antipetismo são os enquadramentos semânticos centrais nos discursos analisados. A análise da relação entre esse horizonte semântico e o contexto formativo dos policiais militares no Brasil mostra que não há simplesmente uma cooptação dos policiais militares pelo bolsonarismo, mas sua participação ativa na estruturação deste movimento político, para a qual colaboram, sobretudo, as gramáticas de discriminação social que fundamentam as normas informais da prática de policiamento, arbitrárias, autoritárias e excludentes, contrariando as expectativas constitucionais sobre o dever da polícia – a garantia dos direitos da cidadania.