CONFINADOS CRÔNICOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E NECROBIOPOLÍTICAS DO HIV AO COVID-19 SOB O BOLSONARISMO
pandemia de covi-19; internet; redes sociais; representações sociais; biopolítica; necrobiopolítica
O presente trabalho aborda o período da pandemia de covid-19 a partir dos discursos online produzidos pelos perfis ligados ao bolsonarismo entre os anos 2020 e o começo de 2022. Durante o período, a covid-19 se configurou enquanto fato social incontornável influenciando, para além da saúde, inúmeros campos da vida social: trabalho, lazer, política, a economia etc. Os dados foram analisados utilizando as análises multidimensionais de textos possibilitadas pelo programa IRaMuTeQ. Dentre as análises construídas foi possível observar os temas (análise lexicográfica), bem como suas contextualizações (análise representacional), abordados por Bolsonaro e demais membros de governo ao longo do período pesquisado. Além disso, a proposta de abordagem metodológica para a construção e análise de dados é conduzida pela perspectiva da Teoria da Representações Sociais. A TRS auxilia no suporte de ferramentas teóricas, como os processos de objetivação e ancoragem, que explicitam os mecanismos de circulação das representações sociais sobre a covid-19 no período. O foco é a argumentação de que, enquanto política comunicacional e de saúde voltada para a gestão da covid19, o governo de Jair Bolsonaro buscou, de forma ativa, consciente e adequada aos meios de comunicação contemporâneos, produzir uma endemização forçada da pandemia de covid-19. O objetivo das políticas de extrema direita, adotadas no Brasil, foi a normalização forçada do estado de emergência pandêmico através do uso de estratégias de comunicação e da fabricação semiótica de legitimidade para os sujeitos responsáveis por sua gestão. É a partir desse trabalho de gestão do medo, do desespero, do pânico moral e, em última instância, da morte que se configura a aproximação proposta aqui entre o hiv/aids e a covid-19.