José do Patrocínio Marques Tocantins - Escritos, ecos e redes de um abolicionista negro na província de Goiás na segunda metade do século XIX
Abolicionismos negros, José do Patrocinio Marques Tocantins, Sociabilidades, Província de Goiás, Século XIX.
Nesta dissertação, desenvolvo uma investigação sobre redes de sociabilidade marcadas pela atuação de sujeitos e sujeitas negros e negras, com enfoque na experiência de José do Patrocinio Marques Tocantins (1844-1889), na segunda metade do século XIX. Entre a imprensa, o movimento abolicionista, instituições de ensino e religiosas e tantos outros espaços socioculturais, desde a província de Goiás, identificam-se agências negras, de libertandos, livres ou libertos, na contestação ao escravismo e às práticas de racialização e racismo, bem como e, em larga medida, na reivindicação de participação social justa e igualitária. Se entre a população escravizada havia o entendimento de seu lugar como trabalhadora, ainda que em regime máximo de exploração, tal compreensão não esteve restrita a esse segmento, pois as dinâmicas observadas entre livres e libertos evidenciam que a busca pela liberdade como direito (para além do processo de abolição) não se fez em separado da ênfase no trabalho e na instrução como possibilidades efetivas de melhoria individual e coletiva. Enquanto eram pensados os fins e os meios para concretizar a abolição, eram postos em cena também aspectos relacionados à conformação da nação a surgir após aquele momento. Assim, a imprensa continuaria a ser uma das principais irradiadoras das demandas e perspectivas dos sujeitos que ocupariam suas trincheiras, projetando debates além das fronteiras nacionais. Os jornais constituem, portanto, a principal fonte recorrida, e a análise das dinâmicas descritas, no intercurso do campo emancipações e pós-abolição, insere-se na perspectiva da História Social.