DOS PATRIMÔNIOS SENSÍVEIS AOS SUJEITOS SUBALTERNOS:
(EMBATES E AUSÊNCIAS NAS POLÍTICAS DE MEMÓRIA SOBRE A
DITADURA NO BRASIL
Políticas de Memória; Espaços de Repressão e Resistência; Sujeitos Subalternos; Ditadura Militar e Democracia; Direitos Humanos.
A pesquisa proposta visa analisar as políticas de memória sobre a última ditadura no Brasil (1964–1985) desenvolvidas desde a redemocratização até a atualidade, com ênfase no patrimônio sensível e na presença/ausência de sujeitos subalternos. A patrimonialização dos espaços de repressão e resistência e a memorialização do trauma da ditadura são importantes mecanismos de reparação simbólica, mas a instituição dessas políticas de memória é ainda exígua e foco de acirradas disputas no país. Por outro lado, apesar do recente processo de visibilização e o aumento do protagonismo narrativo de grupos historicamente subalternizados, a incorporação efetiva desses sujeitos nas políticas de memória da ditadura é ainda restrita, o que revela uma ausência de representação da diversidade social nesse campo. Nossa questão central é compreender como os embates em torno das políticas de memória da ditadura e os mecanismos de esquecimento estratégico se relacionam com o contexto da democracia brasileira contemporânea. Tendo como base a História Cultural e uma abordagem interdisciplinar, a pesquisa adota uma análise qualitativa ancorada na literatura especializada e na documentação relativa aos avanços, entraves, disputas e estratégias civis e estatais em torno da memorialização da ditadura. Nossa hipótese principal é que os embates e os silêncios inscritos nas políticas de memória sobre a ditadura são efeitos de relações de poder que reproduzem desigualdades históricas e estruturais. Tais dinâmicas revelam a imposição da hierarquização arbitrária de vidas, por meio de disputas sobre dignidade e reconhecimento, e representam verdadeiras barreiras para a democratização. O alcance da pesquisa está em contribuir para o debate sobre memória, democracia e direitos humanos no Brasil. Ao explicitar as ausências, a pesquisa busca denunciar os mecanismos de apagamento estruturais e abrir espaço para a valorização de memórias plurais e para a construção de políticas públicas mais inclusivas e democráticas.