MAGENS E MEMÓRIAS DE NZINGA MBANDI NO BRASIL. DIÁLOGOS ENTRE O MOVIMENTO SOCIAL DE MULHERES NEGRAS E A HISTORIOGRAFIA (1980-2020)
Coletivo de Mulheres Negras Nzinga; Nzinga Mbandi; História da África; Feminismo Negro.
A investigação agora apresentada busca discutir a importância do debate sobre a história africana e suas influências no Movimento Social Negro de Mulheres no Brasil no final do século XX. O foco da dissertação concentrou-se na importância histórica, política e simbólica da Rainha Nzinga Mbandi (Angola, século XVII) na produção historiográfica brasileira e na formação do Coletivo de Mulheres Negras Nzinga, fundado em 1983, sob a liderança de Lélia Gonzalez, entre outras ativistas. Para além da contextualização histórica sobre a rainha africana e o Movimento Social Negro, realizou-se uma sistemática revisão da literatura historiográfica sobre os temas centrais da pesquisa. Por fim, como uma das fontes principais analisadas elegeu-se, justamente, o Boletim Informativo publicado pelo Coletivo, intitulado Nzinga, publicado entre 1985 e 1989. Nossas conclusões evidenciam a importância de como o conhecimento histórico sobre o continente africano e sobre a Rainha Nzinga (que começaram a circular com maior intensidade nos anos 1970 e 1980 entre o movimento negro) serviu como suporte e referência para a construção de um movimento social e político de mulheres negras que criticavam as estruturas racistas, sexistas e eurocêntricas na sociedade brasileira.