Libertárias, rebeldes e insubmissas: a produção de subjetividades femininas anarquistas nos escritos de Maria Antonia Soares (1913-1920)
Subjetivação; Mulheres; Anarquismo; Gênero; Discurso.
A pesquisa tem como principal objetivo analisar os modos de produção das subjetividades femininas anarquistas nos escritos de Maria Antônia Soares publicados entre 1913 e 1920. Trata-se de uma mulher que, no contexto da chamada “Primeira República”, atuou em alguns dos principais centros operários, como Santos, São Paulo e Rio de Janeiro, contribuindo com greves, associações operárias, centros femininos, escolas modernas e jornais da classe operária. Como desdobramento desse objetivo, a pesquisa propõe inicialmente investigar a sua trajetória histórica – militante e intelectual no anarquismo, no feminismo, na educação feminina e, especialmente, no movimento operário da época, a fim de compreender as condições de produção e de circulação de suas ideias, representações e discursos sobre as mulheres veiculados na imprensa. Na análise de uma amostra significativa de textos publicados por ela na imprensa operária, pretende-se identificar e analisar os temas relacionados às mulheres e às questões de gênero, bem como os discursos e representações que os constituem, tendo em vista a compreensão dos modos de subjetivação das mulheres no anarquismo e, especialmente, de “construção de si” como mulher anarquista. Esta análise discursiva de inspiração foucaultiana, atenta para a historicidade dos discursos, representações e conhecimentos, considerando as formas como poder/conhecimento estão enraizados em contextos e histórias particulares (HALL, 2016, p. 93), bem como para a historicidade das formas de produção das subjetividades em diferentes contextos históricos. Nessa perspectiva, trata-se de uma análise interessada, sobretudo, na relação entre discurso, conhecimento e poder que atravessa a produção de subjetividades femininas rebeldes e insubmissas que escapam aos dispositivos de gênero dominantes da época, constituindo indícios possíveis de reinvenção das formas de existência das mulheres anarquistas.