Decoro; Engenho; Arte Sacra; América Portuguesa

Entre 1760 e 1761 a Ordem Terceira do Carmo do Recife encomendou mais de cinquenta pinturas ao ateliê de João de Deus e Sepúlveda, sendo quarenta deles destinados à ornamentação do forro de sua igreja. Retratando momentos da vida de Santa Teresa d’Ávila, estas pinturas seguem a matriz imagética de gravuras hagiográficas elaboradas ao longo dos séculos XVII e XVIII em Roma, Lyon e Amberes. Apesar da existência de trabalhos que se debruçam sobre a iconografia deste conjunto de gravuras europeias, não há pesquisas que visem compreender qual a influência sociocultural na criação e/ou na transformação dos tipos iconográficos utilizados. As permanências e rupturas identificadas nas imagens nos permitirão acessar as adaptações necessárias às gravuras na sua transposição ao contexto do Recife setecentista. Com este estudo, busca-se aprofundar o debate sobre a engenhosidade dos artífices e a manutenção do decoro na confecção de imagens verossimilhantes, ampliando a compreensão sobre o processo de formação e amadurecimento da arte sacra na - e da - América portuguesa.