CCartografias do envelhecer: um percurso pelas histórias de vida de pessoas autistas
envelhecimento, transtorno do espectro autista, pessoa idosa, cartografia, Direito
O transtorno do espectro autista é uma condição do neurodesenvolvimento que pode apresentar desafios na comunicação, interação social e presença de comportamentos e padrões restritivos e, para fins legais, é considerado uma deficiência. Na literatura poucos estudos têm se debruçado a compreender o envelhecimento desses indivíduos, sendo a área mais pesquisa a infância. Considerando o acelerado processo de transição demográfica e o aumento da quantidade de pessoas idosas em todo o mundo, é urgente pensar em políticas públicas e intervenções mais assertivas que contribuam para a promoção de um envelhecimento saudável da população autista. O objetivo deste trabalho é compreender e analisar as necessidades de adultos acima de 45 anos e pessoas idosas autistas no seu processo de envelhecimento no Distrito Federal. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter exploratório, amostragem de conveniência com técnica de bola de neve, utilizando-se revisão de escopo de literatura e o método da cartografia proposto pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari para descrever a história de vida de pessoas autistas que se enquadrem nos critérios de inclusão da pesquisa. Os instrumentos de coleta utilizados foram a entrevista com roteiro semiestruturado e diário de campo. A análise dos dados contou com a cartografia e a análise temática. Assim, a escrita deste trabalho segue uma forma mais afetiva, própria da metodologia da cartografia. No artigo, “As áreas de estudo sobre o envelhecimento de pessoas idosas autistas: uma revisão de escopo”, foram identificados 25 artigos entre 2020 e 2024. Esses estudos foram categorizados em oito áreas temáticas alinhadas ao conceito de envelhecimento saudável, destacando-se os aspectos psicológicos e cognitivos como os mais frequentemente estudados, enquanto os aspectos sensoriais e de participação social os menos abordados. Ainda, foram entrevistadas 12 pessoas com diagnóstico do espectro autista com idade entre 47 e 62 anos. Suas histórias revelam singularidades na forma como experienciam o autismo, marcadas pelos contextos sociais, culturais e políticos que vivem. A busca pelo diagnóstico foi motivada em razão do diagnóstico dos filhos ou por questões de saúde mental e interação social. Identificamos que as necessidades dos participantes no processo de envelhecimento passam pela busca de autoconhecimento, compreensão de si que, em muitos casos, foi possível através do diagnóstico, mas que o suporte no desenvolvimento de suas atividades, no acesso a serviços e atendimento, seja de saúde a lazer, são importantes para as mudanças que os participantes estão experenciando neste momento. A ampliação da consciência das pessoas e da sociedade como um todo sobre o autismo é fundamental para a legitimação e respeito da diversidade, construção de um mundo mais inclusivo, com diminuição das diversas barreiras que as pessoas autistas vivenciam e para a criação de políticas públicas voltadas para o envelhecimento autista.