EXPERIMENTAÇÕES GRUPAIS CORPORIFICADAS NO ENVELHECIMENTO
Envelhecimento; corporeidade; projetos de vida; terapia corpo e mente; pessoa idosa.
Esta dissertação investiga, por meio de uma pesquisa-ação com pessoas idosas participantes de grupos de práticas corporais, as intersecções entre corporeidade, envelhecimento e projetos de vida, compreendendo a possibilidade de envelhecer com autoria, expressividade e ruptura com padrões hegemônicos da velhice. O estudo foi desenvolvido no contexto de um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Distrito Federal, onde encontros grupais foram concebidos como paisagens vivas para a experimentação sensível do corpo e para a produção de novas narrativas de si.
A fundamentação teórica articula aportes de Stanley Keleman, Angel Vianna e autores da terapia ocupacional, explorando dimensões como corpo-poético, corpo-obra, corpo-resistência e corpo-linguagem. A metodologia adotada — de caráter qualitativo e participativo — incluiu a construção de dispositivos estético-corporais, dinâmicas de expressão, uso simbólico de objetos, improvisações e danças, registrando-se todo o percurso por meio de fotografias, anotações e narrativas.
Os resultados revelam que as práticas corporais, quando mediadas em contexto grupal e atravessadas pela arte, favorecem a ampliação da consciência corporal, o fortalecimento de vínculos, a ressignificação de memórias e a elaboração de novos projetos de vida. O trabalho com objetos pessoais e a criação de nomes simbólicos aos participantes operou como recurso potente de vinculação e reconhecimento, fortalecendo a autoria dos sujeitos sobre suas próprias histórias. Conclui-se que a experiência de um envelhecimento artista não se limita à expressão artística em si, mas envolve a apropriação criativa da própria existência, a reinvenção de modos de estar no mundo e a ampliação de possibilidades para viver com autonomia, potência e sentido.