Aquilombamento digital: rastros da desigualdade interseccional nas redes e estratégias afirmativas de influenciadoras negras no ciberespaço
Soberania digital; capitalismo cognitivo; redes sociais; interseccionalidade; aquilombamento digital.
O acesso inclusivo à internet é um dos desafios apontados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) – agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada às tecnologias de informação e comunicação – para se aproximar dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nas últimas décadas, a propagação de iniciativas contrárias à redução de desigualdades sociais, a obscuridade sobre critérios de configurações de engajamento on-line e o estímulo à violência contra determinados grupos sociais têm despertado a atenção nos conteúdos difundidos pelas plataformas digitais, amparadas por grandes corporações de tecnologia que concentram o poder sobre sua infraestrutura. A partir da abordagem metodológica da Teoria do Ator-Rede, apoiada pela aplicação de técnicas de análises de redes sociais e entrevistas semiestruturadas com influenciadoras digitais, a presente proposta de estudo busca compreender estratégias desenvolvidas por criadoras de conteúdo digital brasileiras do segmento de maquiagem para enfrentamento de discriminações que perpassam marcadores sociais de gênero, raça e classe no ciberespaço, analisando em que medida a livre iniciativa da sociedade e ações de autorregulamentação empreendidas por empresas de tecnologia possuem condições de minimizar as assimetrias de acesso a oportunidades e plena cidadania aos diversos grupos sociais no meio digital.