Compartimentação Estratigráfica e Estrutural do Sistema Aquífero Urucuia Como Subsídio a Gestão dos Recursos Hídricos na Região Oeste do Estado da Bahia
Bacia Sanfranciscana, Faixa Rio Preto, Lineamento Transbrasiliano, Foreland Basin, Sinkholes, Geoestatística, Modelo Digital de Elevação, Morfotectônica.
Esta tese tem porobjetivo estudar a estruturação e evolução da Sub-Bacia Urucuia dando ênfase às suas porções central e norte, bem como agregar informações da região de sobreposição da Bacia Sanfranciscana à Bacia do Parnaíba, trecho comum situado entre o Alto do São Francisco e o Lineamento Transbrasiliano. A Sub-Bacia Urucuia comporta o Sistema Aquifero Urucuia, um importante aquífero brasileiro que recobre 65% da região oeste do Estado da Bahia e se estende em porções menores aos estados do Piauí, Tocantins, Goiás e Minas Gerais. Para atender ao objetivo proposto foram elaborados três artigos que apresentam: i) uma revisão e atualização da morfotectônica gerada por reativações de blocos cratônicos com registros do Neoproterozoico ao Holoceno que deram origem a depressão responsável pela instalação e segmentação da Bacia Sanfranciscana e as reativações neotectônicas que fraturaram as rochas silicificadas do Grupo Urucuia; ii) mapa potenciométrico obtido com a aplicação de interpolação por Krigagem Ordinária no qual foram identificados 4 divisores hidrogeológicos responsáveis pela subdivisão do Sistema Urucuia Central em sub-bacias hidrogelógicas; iii) processos rasos de abatimentos (sinkholes) que predominam na porção norte da Sub-Bacia Urucuia ocasionando acidentes com veículos, máquinas/implementos e restringido áreas ao cultivo, os quais foram associados a evolução de tubos subterrâneos que se formam na interface dos latossolos da Formação Chapadão com as rochas silicificadas e intensamente fraturadas da Formação Serra das Araras situadas na abrangência da Faixa Rio Preto, e iv) processos de abatimentos profundos que geram grandes depressões mapeadas na região sobre influência da Faixa Rio Preto e outras depressões menores na região do Alto do Rio Grande, relacionadas respectivamente às reativações tectônicas de duplex extensionais e ao carreamento de sedimentos friáveis da Formação Posse bem como a dissolução das rochas carbonáticas do Grupo Bambuí, dando origem às bacias que geram o colapso das coberturas sedimentares neocretáceas e holocênicas. Os dados geofísicos integrados às informações derivadas de geoprocessamento e de campo mostram que a deposição na Sub-Bacia Urucuia sempre foi controlada pela estruturação do embasamento, com reativações e acomodações de feições existentes desde o Proterozoico. As manifestações neotectônicas evidenciadas na porção norte da Bacia Sanfranciscana são passíveis de aumento de frequência quando associadas ao stress compressional exercido pela expansão da cadeia mesoatlântica e o soerguimento da cadeia andina transmitidos pelas descontinuidades do embasamento que convergem para sua porção norte-noroeste marcadas pelos lineamentos Tocantins-Araguaia, Transbrasiliano, Senador Pompeu, Patos e Pernambuco. Estes resultados confirmam a existência de descontinuidades hidrogeológicas do Sistema Aquífero Urucuia Central associadas à morfotectônica e permite a correlação da morfologia superficial e subterrânea regionalmente com base no mapa potenciométrico, contribuindo para melhor definição de ações relacionadas à gestão dos recursos hídricos. A determinação dos sistemas de fluxo em compartimentos é importante para a futura gestão do Sistema Aquífero Urucuia, de forma que os compartimentos e os divisores hidrogeológicos, em conjunto com os diferentes subtipos de aquíferos devem ser considerados nos processos de gerenciamento, com aplicação de ações distintas para cada aquífero e respectivo compartimento. A cobertura colúvio-aluvionar da Formação Chapadão tem mostrado comportamento colapsível o que favorece a ocorrência de abatimentos evidentes nas áreas agrícolas e em estradas. A presença de níveis silicificados no Aquífero Urucuia é importante, pois pode definir porções do aquífero com comportamento fraturado ou de dupla porosidade e também amplia a ocorrência de abatimentos do tipo sinkhole que vêm se tornado mais frequentes.