Integração de dados estruturais e geofísicos na análise de Reativações Tectônicas ao londo do Rio Araguaia (Barra do Garças - GO)
Lineamento Transbrasiliano, Brasil Central, Rio Araguaia, modelagem direta, reativação tectônica
A região do Brasil central possui evidências de deformação crustal e sismicidade intraplaca associadas à reativação de zonas de cisalhamento neoproterozoicas, particularmente ao longo do Lineamento Transbrasiliano (LTB). Na margem nordeste da Bacia do Paraná, o Rio Araguaia apresenta uma inflexão pronunciada na direção E–W, que coincide com anomalias magnéticas e de drenagem, bem como uma quantidade significativa de sismos nos arredores, sugerindo a influência de reativações de falhas profundas. A região também está contida em uma porção do Rio Araguaia na qual historicamente houve exploração de depósitos diamantíferos do tipo placer, assim como também há ocorrências de águas termais. Para investigar a origem e o controle estrutural dessa anomalia, esse estudo integra análises morfotectônicas, estruturais e geofísicas ao longo do Rio Araguaia. Com o objetivo de caracterizar essas relações, foram utilizados dados de sensoriamento remoto, informações estruturais de campo, levantamentos aeromagnéticos e gravimétricos, além de modelagem direta 2,5D. Foram interpretados lineamentos relacionados às principais quebras de relevo, bem como anomalias de drenagem, como padrões em cotovelo. Os produtos analíticos incluíram Derivada Tilt, Amplitude do Gradiente Total e Deconvolução de Euler, apoiados por inversão de paleotensores utilizando o software Win-Tensor. A integração desses conjuntos de dados revelou três principais domínios estruturais, imitados respectivamente por lineamentos de direção N65°E, E–W e N30°E. Os dados de campo e de paleotensores indicam a predominância de falhas normais e transcorrentes dextrais. A modelagem conjunta 2,5D de magnetometria e gravimetria indica descontinuidades crustais atingindo profundidades de até 9 km, evidenciando contrastes entre o Grupo Cuiabá, as intrusões graníticas/milonitos e as unidades devonianas da Bacia do Paraná. As estruturas regionais e locais combinadas resultaram em uma interpretação compatível com o modelo de falhas do tipo Riedel, em que o sistema Y corresponde ao principal LTB de direção N30°E, as estruturas sintéticas dextrais à direção N60°E, e as fraturas extensionais T à direção E–W. Os resultados sugerem que a atual deformação rúptil e a configuração morfotectônica do Rio Araguaia são controladas por reativações sucessivas, inicialmente estabelecidas em zonas dúcteis neoproterozoicas e posteriormente reativadas durante as fases mais recentes do LTB.