O ESTRESSE NO TRABALHO E O ADOECIMENTO MENTAL DOS SERVIDORES DA POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL
Polícia Civil. Saúde mental. Estresse ocupacional. Transtornos mentais. Políticas públicas.
O presente estudo tem como objetivo investigar a possível relação entre as atividades desempenhadas por policiais civis do Distrito Federal e a incidência de adoecimento mental nesse grupo profissional. A pesquisa justifica-se pela escassez de estudos específicos voltados para essa categoria, apesar das evidências crescentes de que a atividade policial envolve diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento de transtornos psíquicos. O objetivo geral consiste em analisar se há correlação entre o exercício da função policial e o surgimento de transtornos mentais, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade e, em casos extremos, suicídio. Os objetivos específicos incluem a identificação dos principais fatores estressores inerentes à profissão, a análise de programas de apoio psicológico existentes e a investigação de possíveis intervenções capazes de mitigar os impactos do trabalho na saúde mental dos profissionais. A metodologia adotada é qualitativa, de caráter descritivo e exploratório, fundamentando-se em revisão bibliográfica, análise documental e exame de dados fornecidos pela Policlínica da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Os resultados apontam que os policiais civis enfrentam uma multiplicidade de fatores geradores de estresse, tais como exposição cotidiana à violência, jornadas de trabalho excessivas, escasso apoio institucional e pressões hierárquicas. Tais condições contribuem para o aumento dos níveis de estresse e da prevalência de transtornos psíquicos. Ademais, o estigma e o receio de punições dificultam a busca por auxílio psicológico, favorecendo a subnotificação dos casos de adoecimento. Apesar da implementação de iniciativas internas, como o programa “Serh Feliz”, os índices de afastamentos motivados por transtornos mentais permanecem elevados. Entre 2019 e 2023, tais transtornos corresponderam a aproximadamente 8% das homologações de atestados médicos na PCDF, mas representaram cerca de 20% dos casos de absenteísmo, evidenciando o impacto significativo da questão. O estudo aponta a necessidade de políticas públicas mais eficazes, que incluam treinamentos em resiliência emocional, criação de redes de apoio entre os profissionais, revisão das condições de trabalho e ampliação dos serviços de atenção psicológica aos policiais civis do Distrito Federal. Conclui-se que o adoecimento mental entre os trabalhadores da segurança pública é um fenômeno multifatorial, que não pode ser atribuído unicamente às atividades laborais contemporâneas da PCDF. Contudo, demanda a formulação e implementação de estratégias preventivas e terapêuticas que considerem, de forma integrada, os aspectos organizacionais e individuais envolvidos. Nesse sentido, o estudo reforça a urgência de ações concretas que visem à redução dos impactos do estresse ocupacional, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado para esses profissionais.