O ESPAÇO DAS AS HUMANIDADES NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA ENSINO PRIMÁRIO EM MOÇAMBIQUE
Formação humana; Humanidades; Formação de professores.
A figura do professor sempre foi imprescindível na história da humanidade. Atualmente, a preocupação com a formação dos professores pelos sistemas nacionais de educação é grande, pois eles são considerados guardiões de valores a serem transmitidos e apropriados pelas novas gerações. Com o advento do neoliberalismo, que impõe às sociedades, por meio de seus governos, uma lógica baseada em valores mercadológicos como competitividade, imediatismo, utilitarismo e lucratividade, essa tendência também passou a impactar os sistemas de educação. Há um aligeiramento dos programas de formação de professores, tornando-os meramente técnicos, instrumentalistas e imediatos, e relegando formação inicial mais ampla, que aglutina a formação profissional e humana, como uma simbiose necessária para enfrentar as complexidades da contemporaneidade. Diante desse contexto de formação inicial de professores, questionamos: Qual é o espaço das humanidades na formação inicial de professores para o ensino primário em Moçambique? Para tanto, buscaremos alcançar os seguintes objetivos específicos: Explicitar a tendência internacional em torno da concepção da formação de professores para ensino primário; Descrever o objetivo, a organização, a estrutura e a concepção pedagógica da formação inicial de professores para ensino primário em Moçambique; Compreender o papel atual das instituições de ensino superior na formação inicial do professor para ensino primário; Discutir a importância da formação do professor para ensino primário acontecer no ensino superior, considerando espaço para uma formação mais ampliada que articule a formação técnica com a formação humana, a partir da reflexão sobre o modelo atual de formação inicial de professores de ensino primário em Moçambique, denominado "12ª classe + 3 anos", que se foca no treinamento para a aplicação didática dos conteúdos das disciplinas do ensino primário, da 1ª à 6ª classe (1º ao 6º ano do ensino fundamental no Brasil), orientando-se para o desenvolvimento de competências apenas técnicas. Em defesa de uma formação inicial de professores mais ampla, que contemple não apenas a preparação técnica para o ensino dos conteúdos, mas também a experiência humana que desenvolva o pensamento crítico e a dignidade do estatuto social do professor, advogamos pela necessidade da formação de professores em nível superior. Esta pesquisa se ancora principalmente no embasamento teórico de Martha Nussbaum que defende a importância das humanidades nos currículos educacionais para o alargamento dos horizontes dos educandos, ou seja, para o desenvolvimento do pensamento crítico, da cidadania universal e da imaginação narrativa. Trata-se de uma pesquisa alicerçada metodologicamente na hermenêutica filosófica, focando na ampliação da compreensão e interpretação das diferentes realidades educacionais de forma mais reflexiva e contextualizada. Partindo do contexto internacional de educação e formação de professores como corolário da lógica neoliberal, a discussão aborda a formação superior do professor, a importância das humanidades e o diagnóstico da formação inicial de professores em Moçambique. Também aplicaremos entrevistas aos gestores do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) – Direção Nacional de Formação de Professores – e questionários aos professores universitários das faculdades de educação da Universidade Pedagógica de Maputo, Universidade Licungo, Universidade Rovuma, Universidade Save e Universidade Púnguè com intuito de buscar as suas percepções, experiências do processo de formação de professores.