Corpos Dissidentes, Infância e Escola: Entre o Terror e o Arco-Íris
Criança gênero-dissidente; Transgeneridade; Perejivanie; Infâncias; Educação
Este trabalho surge a partir de reflexões e questionamentos sobre os estudos de gênero, sexualidade e diversidade das infâncias em seus espaços educativos. Ao observar que essas temáticas, geralmente, são tratadas como áreas de conhecimento secundário e ao analisar as dificuldades e violências simbólicas e físicas enfrentadas por crianças gênero-dissidente no espaço escolar, propomos um diálogo com os estudos contemporâneos de gênero e sexualidade e de que forma esses temas têm se apresentado na sociedade. Assim, a partir da Teoria Histórico-Cultural, de Lev Semionovitch Vigotski, o objetivo deste trabalho é compreender as vivências escolares de crianças gênero-dissidente. Para tanto, realizamos um estudo de caso instrumental, em uma escola privada da rede de ensino do D.F., com uma criança gênero-dissidente que cursa as séries iniciais do ensino fundamental. Compreende-se como gênero-dissidente aquelas crianças que, em suas performances de gênero, não correspondem às expectativas da cisheteronorma. Neste contexto, problematizamos o conceito de “criança universal”, afirmando que existem infâncias, no plural, sendo apresentado por nós um recorte da história, ocidental, das infâncias gênero-dissidentes. Também discutimos a função social da escola e os impactos da “ideologia de gênero” nas relações entre educação e sociedade. A proposta metodológica para a pesquisa é alicerçada na Teoria Histórico-Cultural, sendo as vivências nossa unidade analítica. O estudo com crianças gênero-dissidente abre possibilidades no campo educativo, saindo de uma perspectiva de evitação de violências para a de promoção do potencial integral das infâncias.