CADA UM VAI TER A SUA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) DE ESTIMAÇÃO?:
PERCEPÇÃO DE DOCENTES QUANTO À ANTROPOMORFIZAÇÃO DA IA NA PRODUÇÃO DE TEXTO HÍBRIDO POR ESTUDANTES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Inteligência Artificial; Apreciação docente; Texto híbrido; Antropomorfização; Educação. Anos Iniciais do Ensino Fundamental
O objetivo da pesquisa é analisar criticamente, em termos de prospecção, a percepção de docentes sobre a apropriação da IA generativa em tarefas de produção textual nos Anos Iniciais. Principalmente na escrita de texto em correlação com a tendência da antropomorfização da tecnologia no uso de educandos do 5º ano do Ensino do Fundamental. Com base no conceito de texto escrito hibrido de Lopes, Forgas e Cerdá-Navarro (2024) integram-se estudos sobre o uso de IA na produção textual (Dugan et al. 2023; Lopes, Forgas; Cerdá-Navarro, 2024; Zeng et al. 2024) e da tendência de antropomorfização (Placani, 2024; Barrow, 2024; Kalemkuş; Kalemkuş, 2025) da IA generativa. Este estudo fundamenta-se na concepção de educação como um processo libertador, dialógico e crítico, conforme Freire (2023). Com abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, os procedimentos metodológicos adotados apoiam-se na análise de conteúdo de Bardin (1977) e na triangulação de dados proposta por Triviños (1987). A coleta de dados foi realizada por meio de instrumentos de pesquisa, incluindo um questionário aplicado a 56 respondentes e uma entrevista semiestruturada conduzida com 16 participantes. No resultado da pesquisa, destacam-se as categorias temática “contribuições da IA na produção textual”, “prejuízos da IA na escrita” e “dimensão humana no uso de IA na produção textual” quanto à apropriação da IA generativa nos Anos Iniciais. O dado do questionário evidencia que o nível de concordância agregada entre concordo totalmente e concordo em relação ao uso de IA em tarefas de produção escrita torna o estudante do 5º dependente da tecnologia, representou 66,1%. Associadas as categorias “apreciação docente quanto à capacidade de produzir texto híbrido” e “condicionalidade para a produção de texto híbrido” infere-se que a apreciação docente quanto à apropriação da IA por estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental na escala do estudante não é admitida sem que isso faça parte de um processo pedagógico e da mediação docente. O dado do questionário evidencia que o nível de concordância agregada entre concordo totalmente e concordo quanto ao uso IA por estudantes do 5º ano prejudicar a aprendizagem da escrita, representou 67,9%. Evidencia-se que a “experiência do papel” caracterizada pelos docentes como aquele momento de escrita em que o estudante realiza sem auxilio da tecnologia deve ser o tipo de texto a ser mais produzido nos Anos Iniciais. Conclui-se com a categoria “dimensão humana no uso de IA na produção textual” que mesmo com o uso de IA os aspectos autorais precisam compor a produção escrita ao reconhecer a singularidade, o contexto histórico e a historicidade de cada sujeito que produz um texto. A categoria “riscos da antropomorfização da IA” contribui no exame da percepção docente quanto à personificação da IA generativa por alunos do 5º ano na produção de textos híbridos e demais usos da tecnologia. Nota-se, em termos de prospecção, que o estudante ao realizar a produção de um texto híbrido tende a antropomorfizar e associar características humanas a IA generativa. O vínculo de confiança com a máquina; a IA de estimação ou companheira; a IA agradável; a interação tecnológica sobreposta à interação humana; a IA facilitadora; a IA sedutora; representam os riscos da antropomorfização da IA generativa em situação de produção textual e demais usos da tecnologia por estudantes do 5º ano. Infere-se que os enfoques da antropomorfização se não forem enfrentados de forma responsável impedem a compreensão ampla de aspectos que envolvem desde o uso de dados, a confiança no sistema, a homogeneização das informações e demais questões durante o uso da IA generativa. A interação com sistemas da IA generativa por estudantes abre uma oportunidade para demais estudos, pois atribuir sentimentos a uma máquina pode gerar demais problemáticas no âmbito emocional e social das pessoas humanas.