“A ESPERANÇA PARA PESSOAS TRANS SOB A PERSPECTIVA DO SABER “PSI”: UMA LEITURA FENOMENOLOGICA E TRANSFEMINISTA”
Esperança; Fenomenologia; Psicopatologia Crítica; Transfeminismo.
Os corpos LGBTQIA+ ocupam uma posição de destaque nos saberes psi ao mesmo tempo com vocal presença em
conquistas por lutas organizadas e também pelo olhar histórico e estruturante que não só os categoriza e patologiza,
mas que, de certa forma, os constitui enquanto tal. Entendemos também a esperança enquanto um afeto potente que,
apesar de muito estudado nas psicologias, é muito mal compreendido na sua multiplicidade biopolítica. O objetivo
geral desse trabalho é discutir como o saber-fazer psi compreende o afeto da esperança para a população trans* a
partir de uma perspectiva transfeminista e fenomenológica. Foi realizado uma revisão da literatura com base nas
diretrizes PRISMA onde se buscou descrever o entendimento das áreas psi (psicologia, psicanálise e psiquiatria)
acerca do afeto da esperança na população trans. Foram realizadas três buscas com os termos “esperança” e “trans*”
combinado com os termos “psicologia”, “psicanálise” e “psiquiatria” em português e inglês na base Portal CAPES.
Doze (12) trabalhos foram selecionados, sendo que 6 foram excluídos na etapa de análise a partir do método
fenomenológico crítico. Foram construídas quatro categorias de análise: Representação geral da população trans*,
Esperança como fator de proteção, Perspectiva crítica à esperança e Orientações para profissionais. A maioria dos
pesquisadores usaram pressupostos da Psicologia Positiva ao trabalhar com o fenômeno da Esperança e uma leitura
demasiadamente otimista, individualista e ahistórica desse afeto. Nesta pesquisa, apenas um trabalho partiu de um
olhar crítico à esperança, para além de uma perspectiva otimista da sua afecção nos corpos queer. Percebemos
falhas metodológicas em diversos trabalhos, como manipulação ou distorção de dados para que os resultados se
adequassem aos pressupostos teóricos da pesquisa, uso inadequado de escalas psicométricas e limitações no
recrutamento. Percebemos também uma forte presença de uma visão dualista e biologista do fenômeno trans*,
mesmo quando os autores eram críticos dessas perspectivas. Esperamos que as discussões desse trabalho sirvam de
inspiração para 8 pesquisas futuras que direcionem um olhar mais complexo ao afeto da esperança. Também como
possível inspiração para um melhor desenvolvimento de uma futura Fenomenologia da Esperança e uma
Fenomenologia da Cisnorma.