“E A LOUCA ENVELHECEU... A TRIPLA MARGINALIZAÇÃO: MULHER, LOUCA E VELHA”
idosas; sofrimento psíquico grave e intersubjetividade
Esta dissertação teve como objetivo compreender a vivência de ser uma mulher idosa com narrativas de
sofrimentos psíquicos ao longo de sua vida, identificando tanto aspectos referentes a autopercepção quanto
a perspectiva recebida de suas relações ao longo de sua existência. Para essa finalidade, foi prestados
esclarecimentos conceituais acerca do sofrimento, sofrimento psíquico e crise a partir da perspectiva
fenomenológica. Depois foi explorado especificamente o histórico da condição de ser mulher em uma
realidade capitalista patriarcal e destacado os desdobramentos de tal realidade na historicidade e atualidade
da mulher brasileira. Por fim, destacou-se a realidade do envelhecimento populacional no mundo e no Brasil.
A parcela percentual relativa à população idosa está gradualmente aumentando no decorrer do tempo em
todo o mundo, tal processo está ligado ao baixo crescimento populacional, devido à diminuição das taxas
de fecundidade e natalidade e aumento da taxa de longevidade. Apesar de dados sociodemográficos
apontarem para o fato do envelhecimento populacional, há poucas pesquisas acerca dessa vivência, sendo
mais raras as que destacam o sofrimento psiquíco como via de compreensão de pessoas idosas. Para o
alcance da vivência investigada foi utilizado o método fenomenológico de Amadeo Giorgi (Giorgi &Santos,
2010). Participaram desta pesquisa quadro idosas, usuárias do SUS vinculadas à unidade de saúde de
referência em saúde da população idosa de Anápolis (GO), Hospital Dia do Idoso (HDI). Após a autorização
do comitê de ética, fora feita a coleta dos dados por meio de entrevistas semiestruturadas. Foi possível
assimilar que o sofrimento psíquico das participantes está atrelados às suas relações de intimidade e aspectos
sociais, a maternidade foi o ponto de crise comum a todas, a conjugalidade em quatro perspectivas
diferentes: violência doméstica e permanência no casamento, divórcio não escolhido, reconstrução da vida
proveniente de fuga por violência doméstica e o rompimento com a família nuclear para o casamento, em
todas essas narrativas o sofrimento psíquico é presente. Foi possível concluir que o sofrimento psíquico
dessas mulheres é fortemente atrelado a suas questões relacionais, e que todas descrevem os efeitos delas
em sua vida atual.