A irrealização decolonial do crime e o laço social em João Pinheiro: medida socioeducativa em meio aberto
Decolonialidade; Laço social; Medida socioeducativa em meio aberto; Criminologia
A presente dissertação emerge a partir da experiência clínica do pesquisador com um
jovem adulto e uma adolescente que estavam em medida socioeducativa de liberdade
assistida na cidade de João Pinheiro, Minas Gerais. Ambos cometeram um crime
quando adolescentes, o que torna necessário caracterizar tal idade. Ela é definida, por
esta pesquisa, como consequência das necro e biopolítica. O objetivo principal da
pesquisa foi o de descrever o contexto social em que os participantes viviam à época da
coleta de dados. Este estudo foi fortemente influenciado pelo conceito psicanalítico de
“irrealização do crime”, como sugerido por Lacan. O referido conceito é fundamental
para situar a ética psicanalítica frente à verdade criminológica. Como forma de coleta de
informações, foram realizadas dez sessões individualizadas de escuta psicanalítica,
considerando-se o Diário Metapsicológico como um instrumento de registro de dados.
A partir da investigação psicanalítica com os participantes desta pesquisa, e tomando o
conceito lacaniano de laço social como importante referencial teórico para a
caracterização da comunidade analisada, entre outras conclusões, como principais
achados desta dissertação, definiram-se os discursos do “Jagunço” e do “Racista”. O
contexto da “guerra às drogas”, enfatizando-se sua dimensão feminina, também é
investigado como resultado deste estudo.