Escrevivência e Outros Movimentos: ser, viver e pensar na práxis radical de Conceição Evaristo
escrevivência; práxis radical; memória; medo; ontoepistemologia
Esta pesquisa propõe uma análise de Poemas da Recordação e Outros Movimentos, de Conceição Evaristo, como núcleo de uma práxis radical da escrevivência, compreendida como método, teoria e ação. A partir da Poética Negra Feminista de Denise Ferreira da Silva e de referenciais afrodiaspóricos e anticoloniais, busca-se compreender como a obra confronta e reescreve arquivos coloniais, articulando memória, corpo e linguagem. Parte-se da hipótese de que a escrevivência opera como contra-arquivo, tensionando os paradigmas modernos, reinscrevendo o corpo negro fora dos enquadramentos coloniais. Ademais, identificamos no medo, presente na obra, como um clima histórico e político que estrutura a experiência negra, que permite articular uma crítica à gramática da humanidade formulada por autores como Sylvia Wynter e Frantz Fanon. O estudo revela como a escrita de Evaristo, através de uma práxis radical, mobiliza os movimentos enraizados na cosmogonia negra e na ancestralidade, instaurando novas possibilidades de existência e narrativa, e contribuindo para a decolonização das formas de ser, pensar e viver.