Um olhar para agricultura familiar, Nordeste e Convivência com o Semiárido em Tempos de Pandemia
Agricultura Familiar; Pandemia Covid-19; Nordeste; Convivência com o Semiárido
A pesquisa pretendeu investigar o contexto da agricultura familiar diante das crises aprofundadas pela pandemia Covid-19, em particular os constructos estratégicos em curso na região Nordeste Brasil e suas interrelações com a promoção de sistemas resilientes, promoção da saúde e segurança alimentar articulados à convivência com o semiárido. Problematiza-se o fenômeno estrutural de crises agudizadas pela pandemia em torno das contradições do sistema agroalimentar hegemônico e a conjuntura do cenário de crise política e institucional do país com retrocessos no combate à fome multidimensional, atingindo de forma diversa e diferenciada populações do campo, florestas e das águas. Há evidências que nos estados do Nordeste novos arranjos interinstitucionais e sociopolíticos foram conformadores de processos resilientes às crises. Da mesma forma, embora observe-se a permanência das desigualdades estruturais e histórica da região é bem provável que os efeitos da emergência sanitária pela Covid-19 não tenham sido piores em função das práticas instituintes e instituídas de convivência com o semiárido expressas na resiliência socioecológica dos agricultores familiares e nas políticas públicas para convivência com o semiárido, apoiadas e consolidadas em muitos territórios, com apoio dos estados, aportes técnico-financeiros da cooperação com o FIDA e das redes territoriais sociotécnicas de aprendizagem. Parece-nos fato instituinte no contexto de disputa de novos processos civilizatórios, desvelados ao longo da emergência e crise sanitária mundial pela Covid-19, que dentre as muitas soluções construídas e disputadas de forma endógena aos territórios – mas também ativadas por movimentos sociopolíticos locais, regionais e nacionais – a agricultura familiar agroecológica vem se viabilizando como um modelo de transição, mais justo, sustentável e solidário, constituindo-se como uma das maiores alternativas ao o sistema hegemônico alimentar mundializado.