SITUAÇÃO SOCIOPRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA NO “PLANALTO SOJEIRO” DE SANTARÉM – PARÁ
soja; Amazônia; fronteira agrícola; planalto santareno; agricultura familiar camponesa; PRONAF
A agricultura familiar camponesa tem um papel fundamental na produção de alimentos de qualidade e na utilização sustentável dos recursos naturais no Planalto Santareno. A partir do final da década de 1990, o avanço da fronteira agrícola na Amazônia colocou o Planalto como território de expansão e epicentro produtivo de monocultivos da região, com investimentos privados e apoio dos poderes públicos federal, estadual e municipal, ameaçando práticas produtivas familiares camponesas. Levando em consideração o confronto de racionalidades na produção de alimentos, de um lado, com base na soja, que é uma agricultura comoditizada, e, de outro, pelo cultivo histórico da agricultura familiar camponesa, esta dissertação discute os principais desafios e perspectivas da agricultura familiar camponesa no Planalto Santareno, especialmente devido às ameaças da expansão da monocultura agrícola. A pesquisa, utilizando metodologias qualitativas e quantitativas, é composta de análise documental, pesquisa de campo, análises de dados primários do Projeto Odisseia e técnicas de geoprocessamento. Foi complementada com entrevistas semiestruturadas e pesquisas de dados secundários. O negócio da soja avança consideradamente no Planalto Santareno, provocando transformações nos espaços de reprodução social e nos sistemas produtivos dos agricultores familiares camponeses, sendo que, de forma direta ou indireta, o Estado é o maior responsável pela reconfiguração territorial por apoiar (crédito, assistência técnica, pesquisas) e fomentar a expansão do agronegócio monocultor nos municípios no Planalto. A pesquisa identificou que a soja é o principal produto financiando pelo PRONAF, mas a agricultura familiar camponesa, que tem pouco ou nenhum acesso ao crédito, é obrigada a se adaptar para sobreviver. As principais dificuldades e consequências estão relacionadas à pulverização (contaminação química) e à migração de pragas (contaminação biológica) para as plantações dos agricultores familiares camponeses, comprometendo ou destruindo a produção “tradicional”. Os relatos também destacaram a falta de apoio e investimento do poder público na construção e conservação de estradas, postos de saúde e escolas, gerando reivindicações e demandas por reestruturação do PRONAF, com condições reais de acesso ao crédito, e políticas públicas de apoio aos agricultores familiares camponeses.