Mãe Dora de Oyá; Candomblé; Samba; Mulheres Negras.

A partir das metodologias Escrevivência e Escrita Afetiva, conto a vida de Mãe Dora de Oyá. Mulher negra, Ialorixá, cantora e compositora de sambas, integrante da Irmandade da Boa Morte, ex-integrante do Partido Comunista Brasileiro e fisioterapeuta, Doralina Fernandes Barreto Regis, ao se tornar Mãe Dora de Oyá, consolidou-se como referência sociopolítico-cultural não apenas para o local onde vive (Distrito Federal), mas para diversos terreiros, rodas de samba e confrarias pelo Brasil. A historiografia da cultura brasileira, seja na academia ou fora dela, é marcada pelo apagamento das mulheres negras. Dessa maneira, a presente tese é uma tentativa inicial de retomar a importância dessas mulheres a partir da história de Mãe Dora e estimular estudos que interseccionem as questões de gênero, raça, religião e cultura afro-brasileira. Por fim, mostro como as mulheres de axé, o Candomblé e o samba são elementos indissociáveis e, por isso, é possível (e preciso) pensar a dimensão espiritual do Samba. Mais do que um gênero musical, Samba pode ser entendido como um Orixá, que rege a noção de pertencimento de cada pessoa e possibilita ações comunitárias importantes para (sobre)vivência.