Direitos humanos. Direito à história de vida. Subjetividade. Projeto de vida. Dignidade biográfica.

A pesquisa tem como foco o direito da criança em acolhimento institucional e familiar à própria história de vida, numa perspectiva subjetiva de constituição da identidade, com fundamento na promoção e na proteção dos direitos humanos. A problemática está atrelada à fragilidade ou à ausência de políticas públicas que contribuam para a preservação da memória e da história de vida da criança que foi afastada de sua família. Além dos motivos do acolhimento, é fundamental que a criança tenha suporte do Estado para a preservação do direito às origens e à história de vida antes e durante o período do acolhimento sob uma perspectiva cultural, afetiva, histórica e humana. A pesquisa será realizada com a metodologia construtivo-interpretativa, fundamentada na Epistemologia Qualitativa de González Rey. Pretende-se realizar a pesquisa em um serviço de acolhimento institucional e em um serviço de acolhimento familiar do Distrito Federal com a participação de crianças que estão acolhidas e de adultos que trabalham nesses serviços de proteção. Além dos serviços de acolhimento, há intenção de realizar diálogos conversacionais com pessoas adultas que trabalham em outros espaços da rede de proteção no Brasil e que estejam em contato ou que elaborem os registros sobre as histórias de vida das crianças que estão em acolhimento (profissionais do sistema de justiça, profissionais da assistência social, gestores de abrigos institucionais e de serviços de famílias acolhedoras no Brasil). Ademais, pretende-se contar com a participação de adultos egressos de acolhimento institucional ou familiar, bem como de pessoas que foram adotadas e que estão discutindo sobre os direitos dos egressos e dos adotivos. Na condução da pesquisa com as crianças serão utilizados instrumentos lúdicos da metodologia construtivo-interpretativa. Pretende-se realizar dinâmicas conversacionais a partir de rodas de leitura, rodas de música, rodas de brincadeiras, rodas de pintura, rodas de criação artística, rodas de contação de histórias, rodas de teatros com fantoches, vivências e oficinas em que as crianças possam se auto-representar e se expressar a partir da arte, de registros escritos e não escritos, com a potência da narrativa de si. A pesquisa com os adultos participantes dar-se-á de maneira presencial e/ou por meio de ambiente virtual/digital com instrumentos da metodologia construtivo-interpretativa como, por exemplo, dinâmicas conversacionais, rodas de diálogos, técnica de completamento de frases. A pesquisa tem a pretensão de contribuir para a discussão sobre a proteção do direito imaterial à dignidade biográfica em diálogo com o desenvolvimento subjetivo e com o projeto de vida, especialmente das crianças que estão em contexto de acolhimento institucional e familiar.