Relações de Gênero. Subjetivação. Direitos Humanos. Mães Solo. Criação Monoparental.

Este projeto de pesquisa se propõe a estudar os processos de subjetivação existentes nas relações afetivas monoparentais, notadamente no contexto familiar, a partir da vivência das mulheres com seus parceiros, ou seja – aquelas que envolvem homem e mulher, que é o objeto preponderante dessa pesquisa permeado pelas masculinidades hegemônicas socialmente construídas impositivamente, as quais podem influir negativamente nesses vínculos. Assim, o comportamento masculino por vezes dominador, expõe mães e filhas/filhos às mais diversas situações de violências e vulnerabilidades, obrigando-as a serem, ao mesmo tempo, cuidadoras e mantenedoras solo de sua prole, comportamento ainda aceito como normal na atual conjuntura das relações familiares no Brasil. No sentido de elucidar os objetivos propostos, a natureza da pesquisa será inspirada na epistemologia qualitativa, a qual se propõe à construção interativa do conhecimento, ensejando a dialogicidade entre pesquisador e pesquisado, no qual ambos “são sujeitos ativos na produção de pensamentos e sentidos” (Santos do Nascimento, 2017, p. 50). Nesse processo dialógico, levam-se em consideração os cenários, os contextos, bem como a singularidade e as subjetividades dos sujeitos envolvidos. Usar-se-ão também os princípios da pesquisa exploratória, com vistas à obtenção de familiaridade com o problema evidenciado, por meio do estudo bibliográfico de autoras (es) como Bandeira (2017), Almeida (2020), Finamori (2022), além de livros, revistas, artigos de periódicos, entre outros. Como instrumento de recolha de dados utilizar-se-ão rodas de conversa com as participantes da pesquisa, cinco mulheres, moradoras em cidades satélites da periferia do Distrito Federal, precedido de formulário de caracterização dos sujeitos participantes, na qual buscar-se-á responder às seguintes indagações: Até que ponto os processos de subjetivação cultural afetam as relações afetivas familiares de mulheres com os genitores? O cenário atual de crescente violência contra as mulheres e meninas pode ser compreendido como fator impeditivo de acesso aos direitos humanos e à cidadania, bem como aos processos de tornar-se humano no mundo? A naturalização das masculinidades hegemônicas determinadas culturalmente pode se afirmar como universal nas relações afetivas e familiares? Como as mulheres que criam seus filhos sozinhas se veem (representação) como mulher de direitos em uma sociedade fortemente patriarcal? Espera se que as participantes envolvidas interajam ativamente no decurso da pesquisa. O tratamento e a análise das informações construídas a partir dos dados levantados ocorrerão com base no conteúdo da roda de conversa, bem como das entrevistas realizadas, levando se em consideração a diversidade etária, racial, contexto social e territorial, profissional, condições de moradia, educacional e suas vivências, de forma interseccional. Com a presente pesquisa, pretende-se observar tanto as manifestações subjetivas existentes nas relações afetivas das mulheres que criam ou criaram seus filhos sozinhas sem os seus parceiros, quanto aquelas que envolvem a sociedade na qual essas mães convivem. Ao mesmo tempo, pretende-se observar como as subjetividades são influenciadas pelos processos patriarcais impostos pelas masculinidades hegemônicas.