AS MULHERES KALUNGA EXTRATIVISTAS NATURAIS E A REPRODUÇÃO DA DESIGUALDADE:
Um debate sobre branquitude, exploração e usurpação a partir do estudo de caso do registro de exclusividade da marca "Baunilha do Cerrado"
Mulheres quilombolas; Kalunga, Quilombo, Usurpação; Exploração, Expropriação de conhecimentos; Desigualdade, Baunilha do Cerrado, Branquitude, Racismo, Economia, Sociedade Desigual.
A pesquisa pretende analisar os processos de usurpação e expropriação pelos quais tem passado historicamente os povos e comunidades tradicionais no Brasil e em especial as mulheres extrativistas tradicionais do Território Kalunga de Goiás e Tocantins. O enfoque será dado nos instrumentos de análise e observação das dinâmicas das classes dominantes no contato com as mulheres quilombolas. Essas mulheres são, em sua maioria, extrativistas, que trabalham com produtos e serviços de base tradicional para o sustento e que comercializam o excedente como forma de geração de renda. A discussão central é sobre racismo e desigualdade, a partir dos aspectos culturais e econômicos e com o suporte teórico dado pelo livro Sociedade Desigual (Theodoro, 2022) e a discussão sobre branquitude produzida por Cida Bento (2022). A pesquisa busca analisar, a partir de casos concretos a serem estudados, como é o caso do registro de exclusividade da marca "Baunilha do Cerrado" pelo Instituto ATÁ, as redes articuladas que desenvolvem projetos apoiados por políticas públicas de incentivo financeiro, com vistas a desenvolver atividades que contemplem a pauta de sustentabilidade e cultura. O projeto busca compreender quais são os artifícios de convencimento ou de omissão de informações mobilizados pelos agentes, para convencer essas mulheres a participarem de seus projetos e como isso pode refletir dinâmicas de exploração e expropriação de saberes e trabalho. Além disso, nos interessa aqui saber se as mulheres têm a base da compreensão necessária dos processos que estão envolvidas, para produzir análise acerca de como esses casos acabam por reforçar relações baseadas na usurpação de direitos.