PERFORMANCES DA BRANQUITUDE EM AULAS DE TEATRO: Um estudo com professoras/es da Educação Básica no Distrito Federal, Brasil
Pedagogia do Teatro; Branquitude; Análise do Discurso; Práticas Pedagógicoperformativas.
Esta pesquisa investiga a operação da branquitude no ensino de teatro na Educação Básica do Distrito Federal, Brasil, analisando como privilégios raciais no campo das artes cênicas são sustentados a partir de uma matriz discursiva, aqui compreendida por discurso pedagógicoracializante. O problema central do estudo reside na identificação e análise das discursividades que sustentam a branquitude no ensino de teatro, promovendo a invisibilização e a subalternização de saberes e performances culturais não brancas. O objetivo principal da pesquisa é compreender como a branquitude se enuncia nas práticas pedagógicas teatrais e quais estratégias pedagógico-performativas são utilizadas para perpetuar e/ou refutar sua hegemonia. Para isso, a pesquisa mobiliza a análise do discurso foucaultiana a fim de analisar os modos pelos quais a branquitude se reproduz no ensino de teatro. O estudo examina entrevistas realizadas com quatro professoras de teatro das Escolas Parque das Regiões Asa Sul e Asa Norte. Os resultados apontam que o discurso pedagógicoracializante opera por meio de três enunciados principais: (1) "o teatro transforma", que posiciona o fazer teatral como um mecanismo de normatização e incorporação de uma estética branca como padrão; (2) "em teatro não se trata sobre qualquer assunto", que delimita quais narrativas e experiências são legitimadas ou interditadas no ensino de teatro; e (3) "o teatro produz uma pedagogia da transparência", que sustenta a ilusão da branquitude como um lugar não racializado, reafirmando seu caráter universal e neutro. Além disso, demonstrase como o ideal de branqueamento e a lógica da democracia racial operam na interdição de saberes e performances negras. A partir do material empírico, evidencia-se que a branquitude se articula como um conjunto de performances culturais não nomeadas e universalizadas, reforçando a invisibilização da raça para sujeitos brancos e a marcação racial negativa para sujeitos não brancos. A pesquisa apresenta que, apesar da presença de práticas pedagógicas que tensionam a hegemonia branca, o ensino de teatro na Educação Básica continua operando majoritariamente a partir de um paradigma colonial e racializante.