O TORÉ XUKURU DO ORORUBÁ: interlocuções sonoro-musicais como opção descolonial
Toré; Xukuru do Ororubá; PráticaSonoro-Musical;Descolonialidade.
A presente dissertação de mestrado apresenta uma inquietação sobre o Toré. Essa manifestação consiste em uma prática coletiva praticada por povos indígenas que habitam o Nordeste brasileiro envolvendo dança, música, ritual religioso e (re)afirmação da identidade étnica do povo quando executado em mobilizações políticas. Assim, o foco desta pesquisa foi o Toré do povo Xukuru do Ororubá (Pesqueira e Poção/PE) trazendo como objetivo geralverificar como ocorre a prática sonoro-musical do Toré e de que forma a interlocução com esses conhecimentos pode contribuir para práticas músico-pedagógicas descolonizadas. Como objetivos específicos, busquei discutiras múltiplas percepções do Toré para o povo Xukuru do Ororubá; descrever a prática sonoro-musical do Toré; erefletir sobre a possibilidade de interlocução entre o Toré e práticas músico-pedagógicas. A metodologia adotada nesta pesquisa foi o estudo de caso único incorporado. Este tipo de metodologia traz como foco uma unidade de análise, incorporando a esta, unidades secundárias que ajudem na discussão central. O caso que foi tratado neste estudo consiste na manifestação do Toré, afunilando o olhar para o ritual público de São João do povo Xukuru do Ororubá (Pesqueira e Poção/PE) que foi observado entre os dias 23 e 24 de junho de 2022 na aldeia Vila de Cimbres. O Toré executado ao longo desse ritual foi a unidade de análise escolhida para fazer o recorte e, como ramificação desta, elencamos como unidades de análise incorporadas breves incursões no contexto das escolas indígenas buscando entender como abordam o Toré na sala de aula. As práticas pedagógicas foram observadas entre os dias 23 e 24 de agosto de 2022. Ficou evidente com a realizaçãodeste trabalho o quão crucial é refletirmos, primeiramente, sobre as contribuições do Toré para a transformação de nosso modo de pensar que, muitas vezes, está pautado na incapacidade de viabilizar uma abordagem que leve em consideração a pluralidade de conhecimentos existentes, sejam eles musicais ou não, visando, a partir da perspectiva sonoro-musical, propiciar reflexões distintas, sobretudo, considerando a interlocução entre o Toré e práticas músico-pedagógicas como uma opção descolonial.