COBERTURA VACINAL E FATORES ASSOCIADOS AO ESQUEMA VACINAL INCOMPLETO DE CRIANÇAS DE SEIS MESES A MENORES DE CINCO ANOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE NO DISTRITO FEDERAL
Cobertura Vacinal; Vacinas; Atenção Primária à Saúde; Política de Saúde
Introdução: O Programa Nacional de Imunizações (PNI) através das vacinas do calendário básico vem promovendo a erradicação, eliminação ou redução em termos de incidência, gravidade e letalidade de diversas doenças infectocciosas. Tal fato pode ser comprovado com a erradicação da varíola em 1980 e a eliminação da poliomielite do país em 1994. Entretanto, nos últimos anos houve queda nas coberturas vacinais (CV), levando o Brasil a enfrentar importantes surtos de febre amarela silvestre e sarampo. Esses indicadores de CV são em sua maioria baseados em número de doses aplicadas contidas no sistema de informação e não possibilita a análise de fatores que levam a não-vacinação, assim, o inquérito vacinal domiciliar é fundamental para a adequada monitorização dos programas de vacinação, identificação das crianças que estão com esquema vacinal em atraso e seus fatores que levam a esta não vacinação. Objetivo: o presente estudo estimou a cobertura vacinal e analisou os fatores associados ao esquema vacinal incompleto em crianças de seis meses a menores de cinco anos nas Unidades Básicas de Saúde 01 e 04 do Riacho Fundo II no Distrito Federal. Método: Utilizou-se questionário padronizado respondido pela mãe ou responsável pela criança e registro fotográfico do cartão de vacina. Foram entrevistadas 162 pessoas selecionadas de forma probabilística nos territórios das UBS. O estudo estimou a cobertura vacinal, a proporção de cartões de vacina incompletos e utilizou Razões de Prevalência (RP) e seus intervalos de confiança (IC 95%) para estimar as associações entre as variáveis independentes e o desfecho em questão (cartão vacinal incompleto), para tal, foi empregada uma regressão de Poisson com ajuste robusto. Resultados: 80% (130/162) das crianças avaliadas apresentaram cartão vacinal completo. No entanto, nenhuma das vacinas avaliadas atingiu a cobertura vacinal preconizada pelo Ministério da Saúde, considerando as doses administradas corretamente em termos de idade e intervalo entre as doses. Os resultados variaram entre 46,91% (IC 95%: 39,04%-54,90%) e 77,16% (IC 95%: 69,92%-83,38%) para as vacinas pentavalente e rotavírus, respectivamente. Considerando apenas as doses válidas, isto é, as doses aplicadas a partir da idade mínima recomendada e com intervalo igual ou maior ao recomendado, os resultados foram mais favoráveis, variando entre 93,29% (IC 95%: 88,80%-96,73%) e 99,39% (IC 95%: 96,61%- 99,98%), para as vacinas varicela e pneumocócica, respectivamente. Os fatores associados ao esquema vacinal incompleto foram a idade inferior a 2 anos (RP ajustada: 2,55, IC 95%: 1,53-4,24), a indicação de dificuldades decorrentes da pandemia de Covid-19 pelos responsáveis (RP ajustada: 2,71. IC 95% - 1,51-4,86) e a resposta negativa quando questionados se todas as vacinas foram administradas no mesmo local (RP ajustada: 1,97, IC 95% - 1,13-3,44). Conclusão: Os resultados mostraram que a cobertura vacinal não atingiu as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde, embora tenha sido mais favorável quando consideradas apenas as doses válidas. Além disso, a idade inferior a 2 anos, dificuldades decorrentes da pandemia de Covid-19 e a falta de vacinação no mesmo local foram identificadas como fatores expressivamente associados ao esquema vacinal incompleto. Estes achados ressaltam a importância de se compreender os fatores locais e de se conhecer a cobertura vacinal para atingir as metas preconizadas para a CV.