Vias inibitórias na resposta imune humana a Leishmania spp.
Leishmania, células dendríticas, PD1-PDL-1
Leishmania braziliensis causa uma doença pró inflamatória com lesões localizadas e um possível comprometimento das mucosas. Por outro lado, Leishmania infantum está relacionada com a forma visceral, causando uma anergia celular antígeno específica. Dados prévios do nosso grupo mostraram que a expressão de DC-SIGN em moDCs (células dendríticas derivadas de monócitos) estava diminuída após a infecção por L. braziliensis e L. infantum, possivelmente comprometendo a função de DCs bem como a ativação de células T, sendo um mecanismo de escape do parasito. Além disso, os parasitos podem induzir a expressão de moléculas inibidoras que estão envolvidas com a anergia celular. Esse trabalho teve como objetivo verificar a regulação da via PD1-PDL1 em moDCs infectadas com L. braziliensis ou L. infantum, estudando a expressão na superfície celular de bem como a ação de anticorpos que bloqueiam a via citada anteriormente. ESte estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (CEP/FM/UnB - CAAE 33062720.6.0000.5558). A taxa de infecção foi verificada por microscopia óptica, sendo 76% (±8.83) para L. infantum e 50% (±10.97) para L. braziliensis. Quando a taxa de infecção foi medida por citometria de fluxo, utilizando parasitos marcados com CSFE a taxa foi de 69.05% (±4.56) para L. infantum e 35.25% (±5.56) para L. braziliensis. Observou-se uma diminuição da expressão de DC-SIGN nas DCs "bystanders" (76% (±8.83) na infecção por L. infantum, enquanto para L. braziliensis a expressão foi de 50% (±10.97) (células não infectadas presentes no mesmo poço onde adicionou-se Leishmania) para L. infantum (64,95% ±9,36) e L. braziliensis (72,4% ±1,71), quando comparado às DCs controle (84,70% ±5,07). Nós observamos também um aumento na expressão de PDL1 em DCs infectadas com L. braziliensis (99,55% ±19,06) ou bystanders (86,85% ±22,24) bem como DC infectadas com L. infantum (99,6% ±0,41) ou bystander DCs (86,40% ±7,96). Ao utilizarmos o anticorpo anti PDL1, a produção de IFN-g das células CD4, aumentou de 1,94 (±0,91) nas DCs infectadas por L. braziliensis DCs para 8,16% (±4,33). O mesmo efeito foi observado para L. infantum com um aumento de 1,79 % (±1,18) para 5,38 (±3,69) quando a via PD1-PDL1 foi bloqueada. As células CD8 produtoras de IFN-g aumentaram de 7,38 (±2,34) na infecção por L. braziliensis para 21,40 (±7,47) pelo bloqueio de PD1-PDL1. O mesmo efeito foi observado para a infecção por L. infantum, com 5,97 (±1,66) CD8+IFN+ e aumentando para 14 (±4,53) pelo bloqueio de PD1-PDL1. Assim, podemos concluir que a infecção por L. braziliensis e L. infantum ou seus produtos solúveis, aumentam a expressão de PD1 em moDCs, impedindo a produção de IFN-g pelas células T que poderia controlar a disseminação dos parasitos.