ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO DISTRITO FEDERAL (2005-2022): INVESTIGAÇÃO DOS FATORES DE RISCO E IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE COLETIVA
Epidemiologia, Estudos Soroepidemiológicos, Leishmaniose Visceral, Cães, Fatores de Risco, Brasil.
A Leishmaniose Visceral (LV), doença causada pela espécie Leishmania infantum, representa uma séria ameaça à população humana e canina, pois é considerada a forma mais grave e potencialmente fatal das leishmanioses. Os cães são considerados reservatórios domésticos da doença, com um aumento nos casos humanos sendo precedido por um aumento nos casos caninos. Identificar animais doentes é um desafio, pois a Leishmaniose Visceral Canina (LVC) apresenta sinais clínicos complexos e muitas vezes inespecíficos, com uma proporção significativa dos cães assintomáticos. Através de dados secundários da Diretoria de Vigilância Ambiental do Distrito Federal (DIVAL-DF) e informativos epidemiológicos, o estudo investiga a evolução e a situação epidemiológica da população canina do DF, levantando os fatores de risco individuais que estão associados a um resultado clínico positivo para a LVC. No período de 2005 a 2022, encontrou-se uma positividade de 15,8%, através da sorologia de 59.762 cães. As características associadas a uma maior soropositividade para LVC foram: apresentar sinais clínicos aparentes (OR = 1.88; 95% IC: 1.73-2.05), idade maior que seis anos (OR = 1.46; 95% IC: 1.32-1.62), pelagem curta (OR = 1.32; 95% IC: 1.17-1.48) e macho (OR = 1.10; 95% IC: 1.02-1.18). Os resultados reafirmam a endemicidade da leishmaniose no DF e uma soroprevalência canina significativamente elevada, com identificação de grupos e áreas de risco que apresentaram maior associação com o diagnóstico positivo para a doença. Dessa forma, adoção de medidas individuais de prevenção e controle, como a utilização de coleiras impregnadas com inseticidas, vacinação e tratamento de cães, podem ser uma tentativa de reduzir a incidência da LVC.